ATA DA DÉCIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 13-3-2003.

 


Aos treze dias do mês de março de dois mil e três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Beto Moesch, Cláudio Sebenelo, Elias Vidal, Ervino Besson, João Antonio Dib, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Margarete Moraes, Maria Celeste, Maristela Maffei, Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Renato Guimarães e Zé Valdir. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Carlos Alberto Garcia, Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Darci Campani, Dr. Goulart, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Nereu D'Avila, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Valdir Caetano e Wilton Araújo. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, o Projeto de Lei do Legislativo nº 017/03 (Processo nº 0917/03) e o Projeto de Resolução nº 015/03 (Processo nº 1058/03); pelo Vereador Carlos Pestana, Líder da Bancada do PT, a Emenda nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 126/00 (Processo nº 1863/00); pela Vereadora Clênia Maranhão, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Elias Vidal, 02 Pedidos de Providências e o Projeto de Lei do Legislativo nº 022/03 (Processo nº 1067/03); pelo Vereador Luiz Braz, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 004/03 (Processo nº 0967/03). Também, foram apregoados os seguintes Requerimentos, deferidos pelo Senhor Presidente, solicitando desarquivamento de processos: de autoria do Vereador Aldacir Oliboni, com referência aos Projetos de Lei do Legislativo nºs 044/01, 114 e 206/02 (Processos nºs 1096/01, 1913 e 3299/02, respectivamente); de autoria do Vereador João Carlos Nedel, com referência ao Projeto de Lei do Legislativo nº 137/02 (Processo nº 2326/02). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios s/n°, do Vereador Luis Alberto Soares Perdomo, Presidente da Câmara Municipal de Herval – RS; 001/03, do Vereador Luiz Antonio Ferreira dos Santos, Presidente da Câmara Municipal de São Vicente do Sul – RS; 002/03, do Vereador Milton da Silva Quadros, Presidente da Câmara Municipal de Pedras Altas – RS; 003/03, do Vereador Iraní Antônio Bolfe, Presidente da Câmara Municipal de Ibarama – RS; 028/03, da Vereadora Albina Glória Zanandréa, Presidenta da Câmara Municipal de Maximiliano de Almeida – RS. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Osório Queiroz Júnior, Conselheiro do Conselho dos Moradores e dos Usuários do Parque e do Bairro Moinhos de Vento, que discorreu sobre as atividades desenvolvidas pelo referido Conselho, especialmente no que tange à preservação das características arquitetônicas originais do Bairro e do Parque Moinhos de Vento e a qualificação da base de participação da comunidade local em relação à execução do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Cláudio Sebenelo, Carlos Alberto Garcia, Isaac Ainhorn, Beto Moesch, Raul Carrion, Clênia Maranhão, Margarete Moraes e Sebastião Melo manifestaram-se sobre o tema tratado durante a Tribuna Popular. Também, o Vereador Beto Moesch sugeriu a realização de reunião das Comissões de Saúde e Meio Ambiente e de Urbanização, Transportes e Habitação, a fim de tratar sobre a questão, tendo o Vereador Raul Carrion manifestado-se a respeito. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Elias Vidal reportou-se a notícias publicadas hoje no jornal Zero Hora, relativas a caso de seqüestro praticado contra uma jovem porto-alegrense, discorrendo sobre a influência exercida pelo uso de substâncias entorpecentes e bebidas alcoólicas no aumento dos índices de criminalidade urbana e acidentes de trânsito. Nesse sentido, solicitou fosse agilizada a formação de Comissão Especial para tratar do combate ao uso de drogas no Município. O Vereador Elias Vidal, em tempo cedido pelo Vereador Elói Guimarães, deu continuidade ao seu pronunciamento em Comunicações, analisando índices estatísticos relativos à violência urbana, ao consumo e ao tráfico de entorpecentes em Porto Alegre, bem como os efeitos sociais decorrentes da utilização de drogas lícitas, como o tabaco e o álcool. Também, salientou a necessidade de adoção de medidas públicas tendentes à realização de campanhas anti-drogas. Na ocasião, face Questão de Ordem formulada pelo Vereador Marcelo Danéris, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre os critérios regimentais adotados para as inscrições dos Senhores Vereadores no período de Comunicações. Também, foi apregoado o Ofício nº 005/03, firmado pelo Vereador João Antonio Dib, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, informando que o Vereador Elói Guimarães se encontra representando externamente este Legislativo no Seminário sobre Práticas de Bom Governo, realizado no Centro de Convenções Plaza São Rafael nos dias treze e quatorze de março do corrente. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Ervino Besson registrou ter participado de reunião da Bancada do Partido dos Trabalhadores neste Legislativo com pequenos empresários da Cidade, agradecendo à Liderança dessa Bancada pela oportunidade de participar da referida reunião. Ainda, pronunciou-se sobre o Projeto de Lei do Legislativo n° 008/03, o qual visa a regulamentar o horário de funcionamento do comércio aos domingos em Porto Alegre. O Vereador Sebastião Melo saudou o Deputado Estadual Estilac Xavier pela atuação de Sua Excelência como Presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Também, externou suas impressões sobre o Projeto de Lei do Legislativo n° 008/03, o qual visa a regulamentar o horário de funcionamento do comércio aos domingos na Cidade de Porto Alegre, afirmando que a matéria deverá sofrer um amplo debate nesta Casa. O Vereador Isaac Ainhorn reportou-se ao pronunciamento efetuado pelo Vereador Dr. Goulart em Comunicação de Líder durante a Nona Sessão Ordinária, no qual Sua Excelência externou sua contrariedade ao posicionamento adotado pelo Senhor Joaquim Kliemann, Secretário Municipal de Saúde, no que tange ao movimento de greve organizado pelos funcionários do Sistema Único de Saúde – SUS – de Porto Alegre. O Vereador Dr. Goulart prestou esclarecimentos acerca dos motivos que levaram profissionais da área de saúde pública municipal a entrar em greve a partir de ontem. Nesse sentido, mencionou reunião realizada, no ano passado, entre a Comissão de Saúde e Meio Ambiente e a Secretaria Municipal de Saúde - SMS, para debater questões atinentes às políticas públicas implementadas naquela área, analisando Decreto do Executivo Municipal relativo ao tema. O Vereador Marcelo Danéris leu trechos do Decreto Municipal n° 14.093/03, que estabelece horário de trabalho na Secretaria Municipal de Saúde - SMS, manifestando-se sobre o cumprimento da carga horária determinada nos contratos firmados entre os profissionais da área de saúde pública do Município e a Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Também, afirmou que o referido procedimento busca defender o direito da população a ter atendimento médico qualificado. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo n°s 230/02, discutido pela Vereadora Margarete Moraes, 241/02, discutido pelo Vereador Reginaldo Pujol, 243/02, 011, 012 e 010/03, este discutido pelos Vereadores Renato Guimarães e Cláudio Sebenelo, os Projetos de Lei Complementar do Legislativo n°s 019/02, discutido pelo Vereador Reginaldo Pujol, e 001/03, discutido pelos Vereadores Zé Valdir e Cláudio Sebenelo, o Projeto de Resolução n° 006/03, discutido pelo Vereador Reginaldo Pujol. Em TEMPO DE PRESIDENTE, o Vereador João Antonio Dib procedeu a relato da atuação de Sua Excelência no exercício do cargo de Prefeito Municipal de Porto Alegre em substituição, nos dias onze e doze de março do corrente. Também, teceu considerações sobre os dispositivos legais que regulamentam a cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU – no Município e discursou sobre questão alusiva a denominação de logradouros na Cidade. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Carlos Nedel pronunciou-se sobre visita realizada por comissão de Vereadores a estabelecimento comercial de revenda de combustíveis, com o intuito de averiguar episódio de roubo, ressaltando a importância dessa iniciativa no sentido de buscar soluções para dirimir o crescimento da violência na Capital. Também, referiu-se a problemas de alagamentos enfrentados pela população por ocasião de chuvas intensas. O Vereador Dr. Goulart examinou criticamente as condições de trabalho dos profissionais que atuam na área de saúde pública do Município, repudiando o encaminhamento dado, pelo Executivo Municipal, à questão do cumprimento de carga horária pelos mesmos e propugnando pela adoção de políticas públicas eficazes nesta área. Também, propôs o comparecimento, a esta Casa, do Senhor Secretário Municipal de Saúde para debater o assunto. Em continuidade, o Senhor Presidente informou que o Vereador Beto Moesch se encontra representando externamente este Legislativo na Reunião Ordinária do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Lago Guaíba, realizada hoje, a partir das quatorze horas, na sede do referido Comitê, nesta Cidade, nos termos do Processo nº 0731/01. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Sebastião Melo, reportando-se ao discurso do Vereador Dr. Goulart em Comunicação de Líder, analisou as condições da prestação do serviço de saúde pública pelo Município de Porto Alegre e a obrigatoriedade de cumprimento, pelos servidores da Secretaria Municipal de Saúde, do Decreto Municipal nº 14.093/03. Ainda, asseverou que o cumprimento da carga horária exigida por esse Decreto não determina a melhoria da prestação desse serviço. O Vereador Renato Guimarães, questionando o modelo ideal de um sistema de saúde, lembrou que o Município de Porto Alegre tem recebido reconhecimento de organizações internacionais como a Capital do País com o melhor gerenciamento da saúde pública. Ainda, ratificou que o cumprimento da carga horária de trabalho é fundamental para o bom andamento desse serviço e que, no entender de Sua Excelência, a greve prevista por parcela da categoria é descontextualizada. O Vereador Raul Carrion, manifestando preocupação quanto às conseqüências decorrentes da greve promovida pelos servidores da saúde para os usuários do serviço de saúde pública, asseverou que, no entender de Sua Excelência, a dissimilitude salarial registrada entre esses profissionais foi gerada pelo processo de municipalização do sistema de saúde pública. Nesse sentido, para comprovação da assertiva, exibiu tabelas salariais de servidores da saúde municipais e federais. O Vereador Cláudio Sebenelo, participando realização de reunião, amanhã, no Gabinete da Presidência desta Casa, com a presença de representantes do Sindicato Médico e da Secretaria Municipal da Saúde, a fim de buscar equalização quanto à problemática que determinou a situação de greve dessa categoria funcional, convidou os Senhores Vereadores para participarem do evento. Ainda, avaliou a razoabilidade do cumprimento do Decreto Municipal nº 14.093/03 pelos servidores da saúde. O Vereador Carlos Alberto Garcia narrou reunião de moradores da Vila Nova e da Rua Enio de Souza, a fim de discutir a regularização fundiária da área por eles adquirida, lamentando a ausência de representantes da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, do Departamento Municipal de Água e Esgotos, do Departamento Municipal de Habitação e do Departamento Municipal de Esgotos Pluviais. Ainda, anunciou nova reunião e instou pela presença de representantes do Executivo Municipal. O Vereador Wilton Araújo, examinando o sistema de saúde pública no Município de Porto Alegre, bem como a situação de greve em que se encontram os servidores da saúde, citou resultado de pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas, em que tal serviço é apontado pela população como o último em qualidade de prestação. Também, asseverou ser urgente que, para o bom andamento do serviço, o Executivo Municipal reveja as exigências previstas pelo Decreto Municipal nº 14.093/03. O Vereador Reginaldo Pujol manifestou-se criticamente quanto ao encaminhamento dado pelo Governo Municipal de Porto Alegre à questão da carga horária dos servidores municipais do setor da saúde, questionando as condições de atendimento disponibilizadas à comunidade nesse setor. Ainda, lembrou reunião que haverá amanhã, nesta Casa, com representantes da categoria grevista, justificando a relevância da participação deste Legislativo na discussão do assunto. Em prosseguimento, face manifestações dos Vereadores Raul Carrion, Pedro Américo Leal, Cláudio Sebenelo e Renato Guimarães, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca da reunião a ser realizada amanhã, no Salão Nobre da Presidência, entre Vereadores deste Legislativo e servidores da saúde pública do Município de Porto Alegre, onde será tratada a questão da greve que atinge essa categoria profissional. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Cassiá Carpes discordou do posicionamento adotado pelo Partido dos Trabalhadores à frente do Executivo Municipal, no que concerne ao movimento de paralisação dos servidores municipais do Sistema Único de Saúde, argumentando a importância do funcionamento dos órgãos que prestam serviços na área de saúde pública e destacando a necessidade das negociações para que se atinja um consenso em torno do fim da greve. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação Nominal, esteve o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 004/02, com Veto Parcial, que teve sua discussão adiada por uma Sessão, a Requerimento, aprovado, de autoria do Vereador Isaac Ainhorn. Em Discussão Geral e Votação Nominal, esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 053/01, com Veto Total, que teve sua discussão adiada por uma Sessão, a Requerimento, aprovado, de autoria do Vereador Haroldo de Souza. A seguir, face Requerimento verbal formulado pelo Vereador Isaac Ainhorn, foi realizada verificação de quórum, sendo constatada a existência do mesmo. Em seguida, o Vereador Marcelo Danéris formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando a suspensão dos trabalhos da presente Sessão. Às dezessete horas e vinte e dois minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezessete horas e vinte e seis minutos, constatada a existência de quórum. Às dezessete horas e vinte e sete minutos, constatada a inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores João Antonio Dib e Luiz Braz e secretariados pela Vereadora Maria Celeste. Do que eu, Maria Celeste, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Osório Queiroz Júnior, representando o Conselho dos Moradores e dos Usuários do Parque e do Bairro Moinhos de Vento está com a palavra, para tratar de assunto relativo ao Movimento de Preservação do Patrimônio do Bairro Moinhos de Vento, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. OSÓRIO QUEIROZ JÚNIOR: Ex.mo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras, senhores, meu nome é Osório Queiroz Júnior, sou Presidente da Associação de Moradores do Bairro Três Figueiras, integro o Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano Ambiental, como Conselheiro da Região de Planejamento Leste e Nordeste da Cidade.

A minha presença na tribuna desta Casa, como representante do Movimento integrado por diversas associações de bairro, tem o objetivo de manifestar, de maneira clara e direta, a nossa intenção de participar efetivamente da reavaliação do Plano Diretor de Porto Alegre.

Ao mesmo tempo, queremos propor, aqui, novos canais de participação na gestão do território urbano da nossa Cidade. Sr.as e Srs. Vereadores, o movimento que represento aqui é um movimento social, forte e representativo. Ele nasceu da mobilização popular que se desencadeou como uma reação espontânea de moradores e freqüentadores do Bairro Moinhos de Vento, frente ao processo de uma excessiva verticalização que se vem se acentuando nos últimos anos e que vem descaracterizando o Bairro, em atendimento unicamente ao interesse do setor imobiliário especulativo.

Sr.as e Srs. Vereadores, não temos nada contra o setor da construção civil, nem contra o desenvolvimento urbano da Cidade. Entretanto, não podemos esquecer que o processo meramente especulativo tem, pela sua própria natureza, a tendência de entender que a Cidade é somente o espaço do mercado que vai viabilizar a realização dos seus empreendimentos. E, sob essa perspectiva, Srs. Vereadores, a qualidade dos bairros - tais como ruas arborizadas, segurança, disponibilidade de serviços, equipamentos, infra-estrutura e qualidade de vida ambiental - passa, então, e simplesmente, a integrar a venda do produto imobiliário como vantagens pré-existentes que acabam contraditoriamente sendo comprometidas pelos próprios investimentos.

 No caso ainda do Bairro Moinhos de Vento, a situação se agrava pela destruição de um patrimônio construtivo, constituído por prédios residenciais que - mesmo não sendo de excepcional valor arquitetônico - são, de alguma forma, elementos representativos de uma época e de uma fase do desenvolvimento da Cidade. Fazem parte, portanto, da memória e da identidade cultural e paisagística, não só do Bairro, mas também da cidade de Porto Alegre como um todo.

Assim, Srs. Vereadores, movidos pela indignação, fizemos surgir o movimento denominado Moinhos Vive, agregando não somente moradores do Bairro, mas profissionais de diversas áreas de atuação, tais como arquitetos, urbanistas, advogados, historiadores e artistas, muitos deles aqui presentes.

 A esse movimento foram-se agregando também outras entidades e associações de outros bairros de Porto Alegre. Criou-se, então, um fórum de discussão, onde se vêm debatendo as questões específicas de cada bairro, mas preocupando-se também em examinar essas questões num contexto maior e numa abordagem mais ampla. Dentre esses temas, tem-se debatido, por exemplo, a questão da participação da comunidade. Quais são os direitos de um cidadão comum de efetivamente participar do processo de gestão e de planejamento, tanto do espaço do seu cotidiano - da sua rua, do seu bairro - quanto da definição do projeto de cidade que se quer para Porto Alegre? Ou, ainda, que avanços no campo jurídico-institucional o Plano Diretor e o Estatuto da Cidade representam para o exercício pleno da cidadania, no que diz respeito às condições da nossa vida urbana?

E a questão mais abrangente, Srs. Vereadores: como pode ser ampliada e qualificada a base de participação da comunidade na discussão do projeto da cidade que se quer?

E ainda, qual a relação que esse projeto tem com o modelo proposto pelo atual Plano Diretor? A discussão dessas questões aponta, assim, a necessidade urgente de estabelecer um debate amplo com a sociedade sobre o Plano Diretor e sobre o planejamento da Cidade.

Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, se, em 1999, quando ocorreu a aprovação do Plano, e parte da população não estava suficientemente informada e mobilizada para esta discussão, hoje ocorre exatamente o contrário. A população de Porto Alegre quer discutir, sim, questões tais como o processo de verticalização excessiva que se desencadeia em quase todos os bairros da Cidade. É importante que se reavaliem as conseqüências diretas desse processo nas características de uso e de ocupação do solo urbano e também nas condições urbano-ambientais dos espaços. O tema da verticalização excessiva, tal como se expressa hoje na realidade urbana de Porto Alegre, aponta para a necessidade urgente da reavaliação dos regimes urbanísticos que regulamentam as alturas, as taxas de ocupação, os índices de aproveitamento e os recuos das edificações. Outras questões devem ser reavaliadas no Plano Diretor. Por exemplo, aqui trata da regulamentação do inventário do Patrimônio Cultural no que diz respeito especialmente aos conceitos, aos conteúdos e aos critérios de seleção. Também deve ser objeto de reavaliação a definição e a delimitação de áreas denominadas Áreas Especiais de Interesse Cultural.

Outra questão de fundamental importância é a necessária agilização no processo de regularização fundiária, integrando à cidade legal imensas áreas excluídas social e espacialmente.

Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, enfatizamos que este é o lugar e o momento mais adequados para reafirmar que a comunidade porto-alegrense não está indiferente ao que vem acontecendo com a nossa Cidade. Estamos mobilizados mais do que nunca e, sobretudo, comprometidos com a defesa dos princípios fundamentais enunciados na Carta Mundial pelo Direito à Cidade, que dizem respeito ao exercício pleno da cidadania, à gestão democrática da Cidade e à função social da propriedade e da Cidade, conferindo ao cidadão de Porto Alegre o direito do uso socialmente justo e ambientalmente sustentável do espaço urbano da sua Cidade.

Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, estamos alerta e participativos, mas sem tutelas governamentais, político-partidárias ou econômicas. Rejeitamos qualquer sujeição que não o interesse da coletividade na defesa da preservação dos valores sociais, culturais e ambientais. Não queremos o “congelamento” da Cidade, mas queremos que Porto Alegre se desenvolva sob os avanços das novas concepções urbanísticas, das novas técnicas de conhecimento sobre os fenômenos urbanos, e que, acima de tudo, o processo de gestão da Cidade ocorra pela moderna concepção da democracia e da cidadania.

Por isso, Srs. Vereadores, não poderia haver um momento mais propício do que este para se anunciar que a experiência iniciada no Bairro Moinhos de Vento extrapolou os limites do bairro e hoje está-se estendendo à grande parte da comunidade de Porto Alegre. Nesse sentido, propomos aqui a constituição de uma comissão multidisciplinar e plurinstitucional, que deverá ser integrada por representantes da sociedade civil organizada, cujo objetivo imediato é acompanhar e monitorar a reavaliação do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Porto Alegre.

Propomos também que essa comissão seja um embrião do Instituto de Estudos Avançados de Urbanismo e Documentação da Cidade de Porto Alegre. Essa entidade, Srs. Vereadores, deverá ser uma instituição não-governamental, de atuação local e nacional, constituída como sociedade civil sem fins lucrativos, apartidária e pluralista, com o reconhecimento como entidade de utilidade pública. A instituição deverá ser voltada, de forma permanente, às atividades de pesquisa e estudos avançados no campo das políticas públicas e do desenvolvimento urbano da cidade. Também deverá se encarregar do inventário de todo o patrimônio histórico da documentação urbanística de Porto Alegre..

Esse instituto deverá, portanto, constituir-se num fórum permanente de discussão sobre as questões da Cidade, mantendo-se aberto a compartilhar seus estudos e pesquisas com outras realidades urbanas do País e mesmo do Exterior.

Acreditamos, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, que com isto Porto Alegre fará jus à sua tradição e ao seu pioneirismo, que vêm caracterizando, por mais de 80 anos, a sua história urbanística. Nós, população, queremos Porto Alegre uma cidade mais humana, mais bela e mais justa socialmente.

Certos da sua compreensão e do seu apoio, colocamo-nos à disposição dos senhores para efetivas parcerias. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, em nome do Ver. Luiz Braz e em meu próprio, gostaria de saudar a presença do Dr. Osório e dizer que ele representa - quando ele está aqui presente na tribuna - uma grande surpresa na cidade de Porto Alegre, que é o Movimento do Bairro Moinhos de Vento.

Tomei conhecimento desse Movimento em janeiro com a visita dos Arquitetos Albano Volkmer e Nestor Torelly. E eles me fizeram presente essa luta, eles me comunicaram sobre a luta que tem o Bairro Moinhos de Vento para não perder a sua reserva histórica extraordinária, que se constitui de prédios e da recuperação de outros que estavam para ser derrubados, inclusive, e que agora passam a formar um acervo cultural importantíssimo na Cidade. E, graças a Deus, Dr. Osório, esse Movimento extrapolou o Bairro Moinhos de Vento, e nós vemos tantos bairros aqui representados com tanta legitimidade e com tanta importância para esse processo, porque agora, neste ano, vamos ter uma revisão do Plano Diretor de Porto Alegre. O senhor frisou muito bem de como esse Movimento e que métodos iremos empregar para disseminar por toda a sociedade, por toda a Cidade esse direito que temos do uso do espaço urbano. Espaço urbano, hoje extremamente conflagrado; espaço urbano que, muitas vezes, é responsável por toda essa violência social que tem; a ausência de espaço; a sociedade, na pressa em que vivemos; a miniaturização da vida a que nós nos submetemos em função das demandas desse espaço aos quais não mais damos vazão.

Então, isso faz com que tenhamos de sentar, conversar com os técnicos, conversar com a sociedade, com a espontaneidade da sociedade e não permitir o que houve na cidade de Porto Alegre com as perdas brutais que tivemos, por exemplo, a Igreja Menino Deus, que foi um dos maiores absurdos, e a Igreja do Rosário, tantas coisas que não podem mais se repetir. Nós não queremos mais perder a nossa história. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, prezado Sr. Osório Queiroz, Conselheiro e Presidente do Conselho dos Moradores e Usuários do Parque Moinhos de Vento. Primeiramente, queremos parabenizá-lo pela iniciativa de vê-los aqui na Câmara, porque é a primeira comissão de moradores que visita esta Casa com esse tipo de preocupação neste ano. Esse é um tema muito forte; sabemos que a comunidade desse Bairro, em 1999, foi uma das que mais compareceu a esta Casa em função da famosa questão do Parque, das torres, quando algumas coisas foram conseguidas, mas nem todas. Nós entendemos que essa iniciativa é muito salutar, porque realmente a população tem de ficar atenta, porque a Comissão que neste ano fará a reformulação do Plano Diretor decidirá a vida urbana da Cidade para os próximos 30 anos, o que é muito importante.

Queremos então parabenizá-los e dizer que a vinda de vocês deve ser acompanhada em todas as reuniões dessa futura Comissão. Parabéns em nome do nosso Partido, o Partido Socialista Brasileiro. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, Sr. Presidente do Conselho dos Usuários do Parque do Bairro Moinhos de Vento, a nossa saudação também a esse grupo de pessoas que trabalha e mora nesse Bairro e que aqui se faz presente. Antes de mais nada, queremos fazer uma saudação especial a uma vitória que esse Conselho obteve pelo fato de ter impedido a colocação de um bar no meio do Parque Moinhos de Vento. (Palmas.) Foi um trabalho, uma conquista e uma vitória desse grupo, desse Conselho e dessa comunidade, que soube trabalhar e atuar nesse sentido.

Eu acho que é muito importante o processo de auto-organização da nossa sociedade, inclusive nós estamos regulamentando um dispositivo do Plano Diretor que trata da representação das comunidades, do ponto de vista da sua opinião no processo de urbanização da Cidade. Mas não é essa estrutura existente aí no chamado Orçamento Participativo. Não! É uma outra regulamentação para opinar na área do desenvolvimento urbano e ambiental da cidade de Porto Alegre, e a presença de vocês aqui, neste ano, e neste momento, é mais do que oportuna, porque nós estamos às vésperas de iniciar um processo de reavaliação deste Plano Diretor que está em vigor.

Eu queria uma reflexão sua, Presidente Queiroz, e dessa comunidade para avaliarem um fato. Há alguns anos, quando vigia o Plano anterior, o índice construtivo dos imóveis comerciais era dois e o residencial um. O que acarretou isso? Um processo de desertificação. O Bairro Moinhos de Vento, por exemplo, nas suas ruas, deixou de ser um bairro residencial para se tornar um bairro comercial. Hoje, eu acho que é importante dar essa conotação mista que ele tem, com esse extraordinário perfil e vocação que ele se identificou em relação aos bares, cafeterias, padarias e outras estruturas desse gênero, que fazem do Moinhos de Vento, hoje, uma referência turística nacional, e que surgiram por obra e iniciativa mais da sociedade e dos empreendedores daquela região.

Então, eu acho importante, para harmonizar o perfil urbanístico para aquele Bairro, para que não agrida, que não sejam os espigões agredindo aquele perfil urbano e preservando aqueles imóveis e aqueles prédios o mais... (Som cortado conforme determinação da presidência dos trabalhos.) (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Beto Moesch está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. BETO MOESCH: Sr. Osório Queiroz, Conselheiro e Presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Três Figueiras, demais lideranças de diversos bairros residenciais da cidade de Porto Alegre, a cidade de Porto Alegre foi planejada historicamente para que seus bairros residenciais fossem, digamos assim, pacatos, com índice construtivo baixo. Tanto que, se nós olharmos para as ruas desses bairros, são ruas extremamente estreitas.

Então, por que o Plano Diretor, não só o atual, mas já as revisões do primeiro Plano Diretor de 1979 começaram a aumentar o índice construtivo para até 12 andares? E hoje pode-se construir, pasmem, até 18 andares, quase 60 metros de altura, de espigões em bairros residenciais. Nenhuma cidade moderna no mundo aceita isso.

Onde está o espírito da sustentabilidade, da harmonia, do equilíbrio? Nós podemos aceitar a verticalização no Centro e nas principais avenidas da Cidade, mas jamais dentro dos bairros, porque, senão, a Cidade fica insustentável, como, aliás, ela está começando a ficar com este Plano Diretor que aí está. Portanto, com a mobilização de vocês, com o exercício da cidadania e com a sensibilidade que, com certeza, esta Casa terá, nós realizaremos este Plano Diretor, para devolvermos à Porto Alegre a Cidade que ela merece: uma Cidade mais humana, mais harmônica, respeitando o seu patrimônio histórico, respeitando o seu patrimônio cultural, respeitando o seu patrimônio ambiental e, principalmente, a cidadania e a qualidade de vida dos seus cidadãos.

Agora, é muito difícil, porque o Plano Diretor é um instrumento de difícil compreensão, nós precisamos dos arquitetos, dos engenheiros, dos entendidos, dos urbanistas, dos ambientalistas, mas, principalmente, dos moradores que estão aqui hoje, que vivem o drama da concretagem, o sol está acabando e o ar está deixando de circular nos bairros onde nós moramos.

Parabéns, sejam sempre bem-vindos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Raul Carrion está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, a nossa saudação ao Sr. Osório Queiroz Júnior, que representa a comunidade de toda a Região, em nome de quem saúdo todas as lideranças aqui presentes.

Queria dizer que, por uma coincidência, nasci no Bairro, vivi lá 25 anos; a minha mãe vive lá, o meu irmão vive lá. Portanto, é um lugar em que circulo permanentemente, até por questões familiares, e tenho consciência da qualidade de vida que ainda persiste, mas que está ameaçada. E acho que em Porto Alegre, estudos indicam que a área urbana antiga - sem falar hoje em toda a área - já era capaz de abrigar dois milhões e meio de pessoas, e nós temos, unicamente, um milhão e trezentas mil ou trezentas e cinqüenta mil pessoas. Portanto, não há uma necessidade física, na cidade de Porto Alegre, de uma grande verticalização. Tenho a opinião também que o atual Plano Diretor peca nessa questão. Creio que a oportunidade da revisão desse Plano Diretor, neste ano, cria uma boa oportunidade, não só para os moradores do Moinhos de Vento, mas de outros bairros também, para que encontremos um ponto médio nessa questão, que satisfaça as necessidades da Cidade e aos desejos de qualidade de vida.

Estava já, também, tratando a questão dentro da CUTHAB, conversamos com a nossa Vice-Presidente, a Ver.ª Maristela Maffei, o Ver. Zé Valdir, o Ver. Wilton Araújo, e estamos propondo uma reunião, não só com a comunidade, mas com órgãos do Governo para já iniciarmos conversações e tratativas, com a presença do IAB, também, para que comecemos a equacionar o problema, através da Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação.

Então, penso que, ao final da reunião, poderemos mais ou menos fixar uma data, o que já era o nosso objetivo.

Saudamos mais uma vez e parabenizamos pela mobilização da comunidade. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. BETO MOESCH: Como Presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, nós gostaríamos, Ver. Raul Carrion, de fazer reunião em conjunto, CUTHAB com a COSMAM, para tratarmos deste assunto.

 

O SR. RAUL CARRION: Acertaremos isso, perfeitamente.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Feito o registro.

A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra nos termos do art. 206.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, queria, em nome da minha Bancada, PPS, em meu nome e em nome do Ver. Wilton Araújo, saudar a presença das lideranças do Bairro Três Figueiras, Petrópolis, Moinhos de Vento e as lideranças do Conselho Internacional de Monumentos e Parques, além das lideranças do IAB, que aqui estão presentes, trazendo para esta Casa uma proposta extremamente significativa, que é exatamente o comprometimento do conjunto das Bancadas desta Casa com a luta dos moradores do “Moinhos Vive”.

Este ano nós estamos fazendo um processo de revisão do Plano Diretor, portanto, a presença das senhoras e dos senhores aqui conosco se constitui em um elemento fundamental para que as decisões desta Casa estejam em sintonia com os interesses daqueles e daquelas que querem preservar um dos bairros fundamentais da nossa Cidade, que é o Bairro Moinhos de Vento.

Queria ainda informar a V. Ex.ª que a Comissão de Educação e Cultura decidiu, na sua primeira reunião deste ano, que a questão da preservação do patrimônio histórico da Cidade será uma ação fundamental da Comissão de Educação e Cultura desta Casa. Portanto, eu queria acrescer à proposta do Ver. Beto Moesch, assim como à do Ver. Raul Carrion, que a ação desta Casa, da Comissão, da CUTHAB, da Comissão do Meio Ambiente e da Cultura, fosse uma ação integrada para o fortalecimento da luta em defesa do Bairro Moinhos de Vento. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Margarete Moraes está com a palavra nos termos do art. 206.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, eu quero cumprimentar o Conselho dos Moradores e dos Usuários do Parque do Bairro Moinho de Ventos pelo alto grau de consciência urbana, pelo comprometimento cidadão com a preservação do patrimônio histórico, que, na verdade, sempre busca garantir o futuro da nossa Cidade. A Prefeitura, baseada no conceito de preservação de bens materiais e imateriais, segue um trabalho internacional contemporâneo, e há cinco anos tem um convênio com a Universidade Ritter dos Reis, que percorre casa por casa, rua por rua na configuração do novo inventário, que, evidentemente, respeita a vocação e o perfil, e depois apresenta os bens listados, os bens de interesses histórico-cultural e chega a processos de tombamento. Trata-se de uma equipe: EPAHC – Equipe do Patrimônio Artístico, Histórico e Cultural -, sempre aberta ao diálogo. Inclusive, eu gostaria de propor que essa equipe da Secretaria participe dessa futura Comissão a ser instalada nesta Casa. Enfim, parabéns por essa mobilização. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, colegas Vereadores e colegas Vereadoras, primeiro, a nossa saudação ao Sr. Osório Queiroz Junior, que representa aqui o Movimento de Preservação do Patrimônio do Bairro Moinhos de Ventos.

O senhores trazem à baila um assunto que eu considero, neste ano, o mais importante para esta Casa, que é a revisão do seu Plano Diretor, que é o estuário, acima de tudo, da Cidade. E há algumas coisas que é preciso dizer aqui em alto e bom som. Nós somos Vereador de primeira legislatura, mas temos presenciado algumas coisas aqui que precisam ser corrigidas. Eu vou dar dois exemplos: o poder econômico não pode estar acima de outros interesses, e esta Casa, em alguns momentos, tem feito alterações de índices em emendas de reta final de Projetos que não têm a ver com o Plano Diretor. A questão da Goldsztein, por exemplo, quando mudou-se índice aqui nesta Casa. Outro exemplo foi quando se instituiu índice aqui no Campo do Cristal, quando não tinha, e a área até hoje não teve o seu destino final. Eu estou dando esses dois exemplos, mas poderia dar outros exemplos. Eu quero dizer que é muito bom que a população esteja mobilizada e que o discurso não seja apenas da participação, mas que ela aconteça de fato, na realidade, na prática. Nós estamos defendendo junto à Presidência desta Casa, pois sabemos que é a preocupação desta Casa, urgente, urgentíssimo que se deva constituir uma comissão de pessoas altamente qualificadas, não escolhidas partidariamente, mas são técnicos que vêm do urbanismo, e o ambiente necessário para esta Casa debater a revisão do Plano Diretor, conjuntamente com a população organizada desta Cidade.

Portanto, a nossa saudação, o nosso abraço e o nosso cumprimento pela mobilização. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): No próximo dia 3 de abril, a Lei Orgânica do Município completa 13 anos. Portanto, a Tribuna Popular tem 13 anos. Nesses 13 anos, a Tribuna Popular só foi usada uma vez na segunda alternativa que tem de ser utilizada. Ela pode ser utilizada na Praça Montevidéu, quinzenalmente, às quintas-feiras ou excepcionalmente em outro dia da semana, no horário das 12h às 13h30min e das 18h às 20h. Qualquer associação se encaminha à Prefeitura, na forma do Decreto n.º 9.810, e faz a solicitação para a Tribuna Popular, na frente da Prefeitura. E até hoje só o Sindicato dos Municipários fez a utilização.

Eu vou passar ao Sr. Osório Queiroz uma cópia do Decreto do então Prefeito Olívio Dutra dizendo que pode ser feita lá.

Agradeço a presença de todos que aqui vieram trazer a sua participação, mostrado as suas apreensões, as suas dificuldades, os seus anseios. Solicito ao Ver. Beto Moesch que acompanhe o nosso palestrante, Sr. Osório Queiroz, para que nós tenhamos a continuidade da Sessão. Nós agradecemos. (Palmas.)

Passamos às

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Elias Vidal está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores. O assunto que gostaria de tratar nesta tarde, vou deixar para um outro momento, devido a grande importância - considero a questão das drogas e violência um assunto por demais importante para que seja falado no momento....

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Srs. Vereadores e convidados, há um orador na tribuna. Eu solicitaria a atenção de todos, por favor.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Vou aproveitar esse...

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Há um interesse comum em que a Sessão continue. Se não houver silêncio no Plenário, não há como continuar a Sessão. Eu solicito aos Vereadores e aos convidados que, por favor, permitam que o orador na tribuna se pronuncie. Acho que ninguém está prestando atenção na Sessão. Ver. Elias Vidal, eu pediria a V. Ex.ª que utilizasse o seu tempo, apesar da desatenção de alguns dos nossos nobres pares, que se esqueceram de que temos uma Sessão que precisa ser continuada. A palavra está à disposição de V. Ex.ª.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib; Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, é muito bom poder estar aqui falando sobre um assunto sobre o qual há muitos anos desejei falar, ainda mais em um momento tão nobre quanto este que estamos tendo ao longo deste mandato que começou neste ano. Como é bom poder ter pessoas no Plenário, como o Ver. Reginaldo Pujol, o Ver. Isaac Ainhorn, o Ver. Cláudio Sebenelo, que nos dão a honra de estar escutando tão atentamente o que estamos falando, e eu me alegro com isso. Senhores ouvintes, telespectadores da TVCâmara, vocês sabem qual é a sensação que a jovem secretária de 39 anos, que o jornal Zero Hora de hoje vem falando? É sobre uma jovem que foi seqüestrada e jogada de uma ponte; ela fala do terror, do pavor. Vocês sabem qual é a sensação do pavor, do terror de uma pessoa estar na mira de uma arma apontada por uma pessoa que dificilmente não está com ação de uma substância química na cabeça? Vocês sabem qual é a sensação? Horrível. Pois, bem, o transtorno anti-social da personalidade que como combustível começa com um cigarrinho, passa para a bebida alcoólica, e 65% de jovens hoje que usam maconha começam com o cigarro. Um garoto que fuma um cigarro e que toma, de repente, algum gole de bebida alcoólica vai ter 65% de chance de ser um usuário de maconha, e se ele usar maconha uma única vez, ele vai ter 104% de chance de ser um usuário de cocaína.

Eu ainda peço que haja um pouco mais de silêncio, eu tenho muita dificuldade de falar com o barulho.

As drogas vêm dizimando a sociedade. Falei na última vez aqui na tribuna: muita gente boa está morrendo, diariamente; dificilmente vamos ler os jornais e não ler ou não ver na televisão uma situação de terror. As drogas são o pano de fundo de quase tudo isso, em mais de 90% as drogas são pano de fundo. O combustível para essa violência toda se chama “drogas”, o que inclui também a bebida alcoólica. Viemos agora de uma reunião, ao meio-dia, com o Sindicato dos Vendedores do Comércio de Combustíveis, que estão preocupados com os postos de gasolina, onde há grandes centros de encontro de jovens e onde há um grande consumo de bebida alcoólica, bebida associada com a direção, com carro, o que não combina, e que também gera violências, gera mortes, acidentes.

Com essa Comissão Especial que estamos solicitando aos nobres Vereadores, eu, particularmente, gostaria que, tanto quanto possível, houvesse uma agilização, porque as pessoas estão morrendo, elas estão apavoradas, elas estão assustadas, estão num terror lá fora. Enquanto estamos confortáveis em nossas poltronas, nas galerias, nos nossos gabinetes, as pessoas estão, lá fora, na mira de alguém que está com droga na cabeça. Eu, particularmente, gostaria que houvesse uma articulação, porque acredito que não é uma preocupação só minha, porque eu sou cidadão de Porto Alegre como você que está em casa nos assistindo e como V. Ex.as que estão no Plenário como Vereador e Vereadora e que têm os seus filhos.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Ver. Elias Vidal, o Ver. Elói Guimarães, antes de sair para representar a Casa no encontro, ele deixou o seu tempo à disposição dos seus colegas de Bancada. Se V. Ex.ª desejar tem mais 5 minutos.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Muito obrigado. Vou aproveitar os 5 minutos, agora um pouco mais tranqüilo. Quero discorrer sobre o que vem me incomodando nessa área. Eu acho muito importante que a sociedade tenha aqui Vereadores e Vereadoras preocupados com vários segmentos da sociedade, atendendo a sociedade por vários ângulos, mas o assunto das drogas é algo que deve nos unificar, independente de ideologia partidária, de simbologia de partido, é algo comum de todos nós, porque o cidadão, lá fora, tem-nos cobrado; as perguntas saem em todas as reportagens: a quem vamos recorrer? Acredito que nós, Vereadores, quem sabe, somos aqui uma última rede, uma última trincheira para ajudar Porto Alegre para que não chegue aos patamares que chegaram São Paulo e Rio de Janeiro. É uma questão de tempo. Porto Alegre vai ser uma cidade tão violenta ou mais do que, quem sabe, o Rio de Janeiro e São Paulo. Para que isso não aconteça, acredito que nós Vereadores precisamos discutir esse assunto, precisamos estar atentos, porque todos os demais problemas da sociedade são importantes, mas são problemas que vêm e vão, retornam, mas a questão das drogas é um crescente que, com a violência, vai levando à morte, à tragédia, não há como retornar, recuperar certas coisas, como a perda de um filho, a perda de um cidadão.

 

O Sr. Zé Valdir: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Ex.ª está levantando um tema da maior importância e que, certamente, nos unifica. Quero dizer que, como educador, várias vezes deparei com o problema das drogas, e como pai também, mas tem uma coisa que torna esse assunto mais complexo, que é uma contradição que a nossa sociedade vive, que são as chamadas drogas legais, e com propaganda dos meios de comunicação. Então, a sociedade, hipocritamente, faz dois movimentos: um de combate às drogas, e o outro de propaganda às chamadas drogas legais, onde o lucro se sobrepõe ao interesse mais geral, como a questão dos transgênicos que estamos vendo agora. Uma questão que não está resolvida do ponto de vista técnico, mas a questão do lucro se impõe antes de tudo e justifica esse tipo de atitude. Então, nós temos uma contradição que torna ainda esse problema mais complexo, mas quero dizer que sou solidário ao pronunciamento de V. Ex.ª e quero me somar aos seus esforços nesta Casa.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Muito obrigado. Eu acredito que o cidadão de Porto Alegre que está atento, que está cobrando e que deseja uma solução nessa área, porque a droga está ligada à questão da violência, deseja o debate desse assunto com uma Comissão Especial, na Câmara de Vereadores. Vamos poder discutir com todos os segmentos, envolvendo escolas, igrejas, padres, pastores, Vereadores, Deputados, delegados, clubes, times de futebol, empresários, comerciários, chamar a sociedade para tentarmos juntos achar uma solução.

Não queremos substituir o Executivo, mas, quem sabe, até cobrar do Executivo, dando sugestões, um Projeto de Lei ou um trabalho que não fique só por 60, 90 dias, mas durante todo o nosso tempo de mandato. Não só o Ver. Elias Vidal, mas todos nós, Vereadores, trazendo solução para que o cidadão de Porto Alegre, que paga seus impostos, tenha um pouco mais de segurança e tranqüilidade. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. MARCELO DANÉRIS (Questão de Ordem): Sr. Presidente, já havia encaminhado à Mesa, mas não recebi nenhum retorno, não sei em que situação se encontra. Gostaria que a Mesa realizasse um estudo ou tivesse algum encaminhamento que pudesse trazer ao Plenário sobre a questão das Comunicações nas Sessões. Quero, novamente, chamar a atenção sobre essa distorção, porque, obviamente, ela é feita por ordem alfabética, mas temos nas Comunicações de hoje apenas um Vereador da Frente Popular, dos oito. E na próxima Sessão teremos cinco da Frente Popular e apenas três da oposição. Geram distorções essas Comunicações, tanto para a situação quanto para a oposição. Então é uma possibilidade de nós termos um tempo proporcional nas Comunicações.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Ver. Marcelo Danéris, foi solicitado à Diretoria Legislativa que examinasse a possibilidade de alterar a colocação dos nomes dos Vereadores não mais em ordem alfabética - como hoje está, continua em ordem -, mas ainda não foi feito. Nós vamos fazer alteração e aí então V. Ex.ª terá toda a razão. Hoje, evidentemente, diferente da segunda-feira, os tempos estão do outro lado, mas estão corretos.

O Ver. Elói Guimarães está representando a Presidência no Seminário sobre Práticas de Bom Governo – Ofício n.º 005/03. O Presidente, hoje pela manhã, participou dos trabalhos. Excelentes trabalhos, todos os Prefeitos deveriam lá estar presentes, como os presidentes de Câmara também. Então por isso o Vice-Presidente lá está e amanhã continua o Seminário. Se alguns Vereadores quiserem ouvir bons debates, lá encontrarão.

O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias, também queria saudar a todos que nos assistem através da TVCâmara.

Primeiramente eu gostaria de fazer aqui um registro e ao mesmo tempo eu quero agradecer de uma forma muito especial à Bancada do PT, em nome do seu Líder Ver. Marcelo Danéris, porque hoje pela manhã houve uma reunião da Bancada do PT eu fiquei sabendo, e, com coragem, interrompi a reunião, porque não é costumeiro que um Vereador de outro Partido compareça em uma reunião de uma bancada de um partido oposto. Eu fui lá porque fui informado de que um grupo de pequenos empresários compareceria à reunião de bancada. Fui lá e fui muito bem atendido - faço esse registro e agradeço, pela segunda vez, à Bancada do PT. E, naquele momento, por iniciativa e decisão de seu Líder, foi-me concedida a palavra. Eu falei não como Vereador, mas como um pequeno empresário desta cidade de Porto Alegre. Fui empresário ao longo da história e tenho, sim, uma convivência muito próxima com o nosso pequeno e médio empresário aqui da nossa Cidade. Depois de fazer uso da palavra, meu caro Ver. Pedro Américo Leal, retirei-me da reunião, é claro, não poderia participar da reunião. E eu sei que lá foi discutido, entre a Bancada do Partido dos Trabalhadores e aquele grupo de empresários, o Projeto do Ver. Juarez Pinheiro. Mais uma vez nesta tribuna falo em defesa do Projeto do Ver. Juarez Pinheiro, porque entende este Vereador, depois de ler o Projeto e discuti-lo com vários pequenos e médios comerciantes da cidade de Porto Alegre... Esses comerciantes têm uma história nesta Cidade, com o povo desta Cidade, e nós como representantes legítimos desta Cidade e deste povo temos que ter a responsabilidade e o cuidado de analisar profundamente este Projeto do Ver. Juarez Pinheiro. No meu entender, o Projeto do Ver. Juarez Pinheiro vai salvar uma categoria que está penando, e como já disse, a Cidade deve muito a essa categoria.

Portanto, vamos analisar esse Projeto com muito cuidado, todos os Srs. Vereadores e as Sr.as Vereadoras são sabedores de que esse problema de abertura ou não do comércio aos domingos e feriados está na Justiça, isso talvez se prolongue por dois ou três anos, e nesse tempo esse grupo de pequenos e médios comerciantes praticamente vai falir. Mais uma vez nesta tribuna eu peço encarecidamente que façamos uma avaliação muito profunda do Projeto. Se a Justiça nos deu o poder de legislar não sobre a abertura do comércio aos domingos e feriados, mas o poder de legislarmos a respeito do horário, pelo amor de Deus, meus colegas Vereadores e Vereadoras, vamos analisá-lo profundamente, vamos analisar com muita profundidade, porque se temos condições, como já disse, de salvar uma categoria que está penando, uma categoria que deu a sua luta, o seu trabalho e a sua história para o engrandecimento desta Cidade, convenhamos, nós temos de ter essa grandeza de avaliar profundamente esse Projeto. Estaremos, eu já disse e vou repetir, quantas vezes forem necessárias aqui nesta tribuna. Se nós temos esse poder de salvar uma categoria, acho que temos de ter a grandeza de nos posicionarmos no momento de votar esse Projeto que em breve deveremos analisar e discutir com muita profundidade. É o meu modo de ver e de entender o Projeto. E o que eu trago aos nobres pares desta Casa - porque nós somos representantes de uma parcela da população - é o sentimento dos pequenos e médios comerciantes da cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra, por cessão de tempo do Ver. Haroldo de Souza, em Comunicações.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, população que nos honra com a presença no Plenário desta Casa, primeiro, eu quero registrar aqui que fiquei muito contente com a posição que o Deputado Estilac Xavier assumiu ontem - e lá estive para abraçá-lo -: o enfoque que o Deputado Estilac Xavier também passa a dar na Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa. Acho que é um avanço, Ver.ª Margarete Moraes, porque ele coloca que, na Comissão de Direitos Humanos, as vítimas, especialmente aquelas de crimes hediondos, terão um atendimento e uma preferência no debate. Isso é o que está colocado pelo Presidente da Comissão.

Eu lhe confesso, Ver. Juarez Pinheiro, grande Vereador desta Casa, atuante, que nós não tomamos uma posição sobre o seu Projeto. O PMDB vai tomar uma decisão sobre essa matéria no momento oportuno. Mas eu quero deixar aqui uma preocupação, lançada para a reflexão coletiva. Tornei-me Vereador com algumas propostas, e entre elas, a de que defenderíamos, nesta Casa, os pequenos e os comerciários. Nós não somos contra a abertura do comércio, desde que ela seja fruto de uma negociação respeitosa, e que os direitos dos trabalhadores sejam garantidos. Nós sempre dissemos desta tribuna que a abertura do comércio aos domingos tem um endereço certo, os shopping centers, que são os grandes vilões dos últimos tempos, porque são aqueles que cobram aluguéis caríssimos, que têm participação no lucro dos empresários, e é uma falácia achar que às vezes os empresários que estão dentro dos shopping querem a mesma abertura; muitos deles nem querem, mas são levados a essa condição pelo poder econômico dos donos dos shopping. Uma coisa me preocupa, Ver. Juarez: eu não gostaria de votar esse Projeto - e não vejo aqui o Ver. Raul Carrion -, estando do lado direito, aqui, os pequenos comerciantes, dizendo: “Votem esse Projeto”; e do lado esquerdo os trabalhadores do comércio, os comerciários, dizendo: “Não votem esse Projeto.” Eu tenho dificuldade de caminhar nessa direção. Queremos o diálogo, Ver. Zé Valdir, para que possamos encontrar um caminho, porque já vejo, como preliminar, essa dificuldade.

Digo mais, Ver. Juarez Pinheiro e Ver. Ervino Besson: é preciso colocar neste debate um ingrediente a mais. Se é verdade que o pequeno comerciante, o médio, o pequeno mercadinho, ele até acha que vai ao encontro do desejo dele esse Projeto, mas não é o sentimento que vejo por parte do dono da padaria, por exemplo, que acha que o comércio, mesmo abrindo depois das 16h, não é bom para ele, vai trazer problemas sérios. Então, não é unânime, há um certo... Vou dar exemplo: há o Zaninni, onde compramos; consultem o dono da padaria, falem com ele. Ele me pergunta: “E aí, Vereador, como é que é? Vai-nos liquidar?”

Ver. Juarez Pinheiro, eu não tenho preconceito, é um debate maduro, um debate importante para a Cidade, sem preconceito. Nós vamos nos posicionar sobre esse Projeto no momento oportuno. Acho que o debate é altamente importante, mas eu tenho como premissa inicial, porque estou vendo os comerciários numa direção e os pequenos noutra direção. E eu nunca vi nesta Casa, Ver.ª Margarete Moraes, esses dois setores estarem separados nessa matéria, e eu não quero, Ver. Zé Valdir, ser o divisor de águas dessa questão, porque acho que há, do ponto de vista dos comerciários, conquistas importantes, que devem ser preservadas, e nós temos responsabilidade com os pequenos, que são, na verdade, os grandes empregadores e os grandes empreendedores do País. A maioria do trabalho está na mão dos pequenos, dos médios, não são os grandes; não são as montadoras, não são as grandes indústrias; são as pequenas, são as de fundo de quintal, são os mercadinhos, os bares. Esses sim são aqueles que alavancam a economia e alavancam o emprego neste País. E vocês sabem que sempre estivemos lá. Eu nunca titubeei, nunca fui para lá e vim para cá, dizendo: agora eu sou a favor, agora eu sou contra. Sempre tenho posição. Só não muda de posição quem não tem posição. Agora, nós precisamos aprofundar o debate, quem sabe com uma ou duas audiências, mas esse debate terá de envolver a padaria, o pequeno comerciário, e, olho no olho, nós modificarmos, e avançarmos, e chegarmos a um denominador comum. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, no dia de ontem, o nosso Vereador extremamente ligado à área da saúde fez um pronunciamento da tribuna desta Casa - e digo, Ver. Juarez Pinheiro, mais uma vez, “da tribuna desta Casa” - em que criticou o novo horário que pretende instituir para os médicos. Aliás, na área do DMAE essa matéria está sub judice, porque médicos que trabalhavam, há mais de 20 anos, quatro horas diárias, quando o seu regime é de oito horas diárias, e que tinham as quatro horas diárias como direito adquirido, porque tinham a sua vida organizada nesse sentido, passaram, Ver. Zé Valdir, a ser detentores dessa matéria. Sem consulta, sem debate, numa visão extremamente patronal, a Prefeitura mudou o regime dos médicos na cidade de Porto Alegre, comunicando que todos têm de trabalhar oito horas.

Mas, ontem, em sua manifestação ao colunista Armando Burd, do jornal Correio do Povo, o Ver. Dr. Goulart referiu que o Secretário da Saúde, Joaquim Kliemann, que impõe carga maior, nos postos do SUS, aos médicos, “como médico, foi meu colega...” - disse o Dr. Goulart – “...e não gostava de cumprir horário.” Esse é o registro do colunista Armando Burd. Hoje, já circulava, em algumas instituições hospitalares da Cidade, a disposição do Secretário Kliemann em processar o Ver. Dr. Goulart. Não, agora há um direito constitucional maior, Vereador, o direito constitucional estabelecido no Inciso VIII, art.29 da Constituição Federal da chamada Constituição-cidadã, a mesma Constituição que o Partido de V. Ex.ª, parece-me, recusou-se a assinar.

 

O Sr. Zé Valdir: V. Ex.ª permite um aparte?

 

O SR. ISAAC AINHORN: Não lhe concedo aparte, por enquanto. Um dos preceitos do inciso VIII, art. 29 da Constituição Federal, da chamada Constituição-cidadã - que os parlamentares do PT se recusaram a assinar na época e que, certamente, os governantes de hoje devem achar uma Constituição praticamente comunista -, diz o seguinte: (Lê.) “Inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município.”

O Ver. Dr. Goulart poderia ter feito uma diatribe desta tribuna, mas não o fez. Fez uma crítica! E o Secretário da Saúde – parece-me que já andou vazando – disse que iria processá-lo, esquecendo-se de que o Vereador está no princípio, não da imunidade, mas da inviolabilidade por suas opiniões, por aquilo que ele fala da tribuna e na circunscrição do Município.

 

O Sr. Zé Valdir: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, esses dispositivos, da maior importância para a democracia, não podem ser utilizados para difamar alguém. Por exemplo, se eu sou membro do Executivo, como fui da FESC, e, se alguém me acusar de que, no tempo em que eu era professor, eu não cumpria as minhas funções, eu tenho todo o direito de processar essa pessoa, porque isso extrapola a crítica política. É escudar-se nesse dispositivo para proteger o parlamentar que quer fazer calúnia e difamação.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Eu não sei, essa é uma questão da área médica, mas parece-me, Vereador, se fosse, o que ele estaria dizendo, um crime, ele teria até o princípio de fazer a Prova da Exceção de Verdade. Não é crime, apenas o Secretário Kliemann era meio avesso, parece, a cumprimento de horário. Agora que virou chefe, ele está querendo exigir o cumprimento.

Mas eu queria dizer o seguinte: Vereador, não vamos nos esquecer do princípio constitucional da inviolabilidade das manifestações dos Vereadores desta tribuna. Porque, um dia, V. Ex.ª, Ver. Zé Valdir, pode ser vítima, também, de um ataque dessa natureza. E eu vou estar aqui para defender V. Ex.ª também, mesmo que discorde da opinião que V. Ex.ª venha a expender aqui nesta tribuna! Já digo isto, publicamente, pró-futuro: eu vou defender, na plenitude, o direito de V. Ex.ª dar a sua opinião, mesmo que eu divirja das suas manifestações, mesmo que não concorde com elas. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Dr. Goulart está com a palavra, por cessão de tempo do Ver. João Bosco Vaz, em Comunicações.

 

O SR. DR. GOULART: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, nós nos deparamos, nesta manhã, com o que eu falava ontem, que é a greve dos funcionários da saúde. As pessoas que não conhecem bem o assunto aproveitam para fazer um questionamento na cabeça do povo, dizendo que é a greve dos médicos. Não, não é a greve dos médicos, é a greve dos funcionários da saúde, dos trabalhadores da saúde! É a greve que é orientada por vários sindicatos das várias classes de trabalhadores da saúde. E por que a greve? Por que a greve? Porque, num determinado momento, os trabalhadores da saúde disseram: “O jeito como está sendo feita a saúde está errado!” O funcionário que fica no balcão é quase agredido diuturnamente, porque o usuário não consegue consultar com o especialista! O funcionário da saúde é agredido, em dois turnos, porque não consegue fazer a tomografia, porque não consegue marcar a sua cirurgia.

Esta greve não é uma questão de “cabeças-de-vento”; ela não aconteceu em 72 horas. Não! Isso vem sendo discutido há dois anos, e aqui neste Plenário se cumpriu uma Audiência Pública, pela qual nós pedimos atenção para a saúde, que vai mal. E o que disse o representante do Sr. Secretário, que não compareceu e mandou um teórico, que não atende gente, um rapaz que faz teoria da saúde, que veio aqui e disse: “Vocês querem discutir qualidade da saúde? Pois vamos discutir o horário.” Foi isso que ele disse aqui. E não é que alguns meses depois sai o Decreto de S. Ex.ª o Prefeito cumprindo a ameaça que fazia aqui, naquela cadeira sentado, o seu representante, na Audiência Pública? O Ver. Marcelo Danéris estava presente aqui e se lembra muito bem disso. O que diz o Decreto? “Os médicos e funcionários da saúde deverão trabalhar até as 22 horas.” Que coisa engraçada, trabalhar até as 22 horas, quando o meu Projeto pedindo terceiro turno na saúde, aprovado por unanimidade foi vetado pelo Prefeito. Veio para esta Casa, derrubamos o Veto de novo por unanimidade. E aí por um Decreto diz que está errado, que ele não quer o Veto dele mesmo, do Prefeito mesmo. Não é ele que erra. O Prefeito é uma boa pessoa, ele é mal orientado.

Segundo: “Todos os médicos deverão atender em regime de emergência.” Mas como que todos vão trabalhar em regime de emergência? Isso não existe! Os médicos não estão preparados todos para isso, e mesmo não recebem para isso, porque sistema de emergência precisa de mais 110% de aumento no salário, que é o que ganha o médico do Pronto Socorro, que é o que ganha o médico os postos de urgência. É descabido o Decreto, é errado o Decreto, é confuso o Decreto, é mal aconselhado o Decreto! E aí está a greve. Por quê? Diz ainda o Decreto: “Os médicos deverão trabalhar oito horas e os demais funcionários da saúde, quem trabalhava quatro, os que trabalhavam seis horas...” Onde que isso está errado?

Em 1995, a Sr.ª Adriana Reck, Superintendente-Geral da Secretaria Municipal de Saúde - está aqui a assinatura dela, não é confidencial - disse exatamente que ela permitia que os profissionais odontólogos e médicos atendessem de 30 em 30 minutos, em um período de 30 horas, para quem cumpre 40 horas. Isso disse a Superintendente, em 1995. Então, está mais uma vez errado o Decreto. Ele cassa uma situação que a própria Superintendência da Secretaria da Saúde firmou com os médicos e com os funcionários da saúde que trabalhavam bastante e ganhavam muito pouco. Então, ficaram trabalhando o razoável pelo que ganhavam para poderem ter outro emprego digno.

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu queria lembrar ao colega que, no dia 10 de fevereiro, o Sr. Prefeito assinou um Decreto dizendo que os postos funcionariam até as 22 horas, se fosse do alvitre do Dr. Joaquim Kliemann, ilustre Secretário da Saúde. Parece que V. Ex.ª tem um projeto exatamente nesse sentido, que foi vetado pelo Sr. Prefeito.

 

 O SR. DR. GOULART: Tenho um Projeto. que foi vetado.

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: Se é para demolir, por que faz?

 

O SR. DR. GOULART: Para terminar, Ver. João Antonio Dib, nobre Presidente, o Decreto é todo errado e todo confuso. Eu só espero que quem oriente o Prefeito na saúde - porque ele não é um homem que vem da saúde, é um bom homem, mas não vem da saúde -, que o oriente direito para que ele não sofra esse tipo de constrangimento, de todos os itens do Decreto estarem furados e errados. Sr. Prefeito, cuide da saúde. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Juarez Pinheiro.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, público que nos acompanha aqui e pela TVCâmara, quero agradecer ao Ver. Juarez Pinheiro, que trataria aqui na tribuna do assunto do comércio, um assunto que está muito vivo aqui na Câmara. Há inclusive uma decisão do STJ, mas diante da importância e da magnitude do assunto saúde, cedeu seu tempo à Liderança do Governo, para que eu pudesse falar sobre este assunto. Obrigado, Ver. Juarez Pinheiro.

Eu vou desconsiderar a intervenção do Ver. Isaac Ainhorn, porque ela é baseada em “parece que disseram”, “parece que foi feito”, “boatos há”, “vazou não sei o quê”; não há situação séria suficiente para que possamos tratar desse assunto trazido pelo Ver. Isaac Ainhorn, e eu fico aqui com as palavras do Ver. Zé Valdir, que obviamente tratou do assunto com mais seriedade e não com boatos e “parece e dizem”. Eu quero tratar do que o Ver. Dr. Goulart trouxe aqui, mas do tema principal, que é o tema do Decreto, que diz, Ver. Pedro Américo Leal, o seguinte: “Cumpra-se a carga horária.” Veja se é possível, no nosso Município ou em qualquer lugar do Brasil, ter que fazer um decreto para dizer que tem de cumprir a carga horária! Ainda mais na área da saúde, ainda mais na ponta da área da saúde, nos postos de saúde. Ora, cumprir a carga horária é o básico, é o óbvio e, principalmente, se o atendimento vai para quem mais precisa, que são os trabalhadores, os excluídos da nossa Cidade; aqui nós estamos na defesa dos trabalhadores que usam os postos de saúde, da classe média baixa para baixo, dos excluídos, dos desempregados. É esse que usa o posto de saúde. Aí, não se cumpre o horário de trabalho. Várias tentativas, várias negociações, várias decisões, inclusive, que as chefias de postos, gerências obrigassem, pedissem, exigissem o cumprimento do horário. Nada disso foi feito. Então é necessário um decreto para dizer que tem que cumprir horário. Ora, o servidor entra num concurso público e define: “Eu quero entrar nesse concurso público que tem 30 horas de trabalho, mas aí eu vou fazer 20 horas.” Ou: “Eu vou entrar nesse concurso, vou passar, vou me comprometer com 40 horas de trabalho e vou fazer 30 horas...

 

(Aparte anti-regimental.)

 

Vereadores, eu gostaria muito de dar apartes, mas o tempo é curto e o assunto é complexo. V. Ex.as já trataram disso, e o Ver. Isaac Ainhorn também não nos deu aparte. Eu gostaria de tratar do assunto com mais calma.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Solicito a atenção do Plenário, tem um orador na tribuna.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Eu gostaria que o Presidente me assegurasse a palavra, porque o Ver. Isaac Ainhorn está alterado.

Nós temos de defender o direito desses trabalhadores, da população mais carente de Porto Alegre de terem acesso aos postos de saúde, e que os servidores cumpram a carga horária, que é o básico – é o básico! O Ver. Dr. Goulart veio aqui defender a saúde pública, defender a qualidade: o Prefeito que se preocupe com a saúde; o Secretário, não sei o quê. Mas ele não defende o básico: que os servidores da saúde cumpram a carga horária, porque aí, por si só, já diminuem as filas. Agora, não posso acreditar que alguém defenda que as pessoas, servidores públicos municipais da área da saúde vão trabalhar menos do que a carga horária: em vez de trabalhar 4 horas por dia vão trabalhar 2 horas. Aí o Ver. Dr. Goulart trouxe o acordo de 1995. Vou ler na íntegra o que está escrito no documento que V. Ex.ª mesmo trouxe. (Lê.) “Para os profissionais médicos com 30 horas, haverá consultas de 15 em 15 minutos durante 4 horas diárias (...) Quando não houver outras atividades, serão feitas 16 consultas/dia por profissional”. Mas depois diz no item 9: “Sendo assim, o tempo mínimo diário de desenvolvimento de atividades na unidade é de 4 horas diárias para profissionais com 30 horas e 6 horas para profissionais com 40 horas. Isso se aplica a todas as categorias profissionais”. E se esses profissionais, em vez de 4 horas, fizerem 2 horas, V. Ex.ª, Ver. Dr. Goulart, vem aqui defendê-los? E se os profissionais fazem essas dezesseis consultas em uma hora e vão embora, o que iremos dizer para a população que está na fila? V. Ex.ª vem aqui defendê-los? Isso não é dito pelo PT, mas está escrito no documento aqui trazido pelo Ver. Dr. Goulart. Aqui comprova que tem-se que fazer, no mínimo, 4 horas diárias, atendendo aquela população que está na fila da saúde, que não pode fazer 16 consultas com apenas dois ou três minutos para cada paciente, cumprindo uma hora e depois indo embora. Não acho cabível nem admissível que defendamos que o profissional da área de saúde trabalhe menos que a sua carga horária contratada, com uma população carente precisando de atendimento médico nas filas dos postos. Queremos diminuir fila, e o próprio Ver. Dr. Goulart vem aqui criticar as filas todos os dias. Mas quando se tomam atitudes para diminuir as filas, para cumprir a carga horária, aí ele é contrário - médico tem de trabalhar duas, três horas por dia! E a população, na fila, esperando, com consulta para daqui a 2 meses. “Tem que diminuir a carga horária.” Querem ficar de bem com os médicos, e a população que fique na fila esperando. Não é possível que se faça isso ou se autorize isso. Greve é direito do trabalhador; discutir salário é direito do trabalhador, sempre vamos defender isso. Agora, não cumprir a sua carga horária de trabalho na área da saúde, o que atinge, principalmente a população mais carente, o trabalhador mais necessitado, isso não! A população de Porto Alegre exige um atendimento de saúde qualificado, exige que o seu trabalhador contratado e pago por ela esteja lá para a atender. E há mais, Ver. Dr. Goulart, o Decreto diz que na carga horária de 40 horas, 28 horas o servidor da Saúde trabalha lá, e pode negociar 12 horas com a Secretaria da Saúde para trabalhar em outra área. Pode negociar com campanhas de vacinação, visitas para famílias, ou seja, qual é o trabalhador que tem condições de, com 40 horas, ainda negociar 30%, portanto, pegar 12 horas da sua carga horária e negociar para outras coisas e cumprir só 28? O Decreto diz que trabalha-se 40 horas, cumpra-se a carga horária, e, mesmo assim, 30% da sua carga horária pode ser negociada com as chefias de postos para atender outros programas. Não é possível, não é admissível que vamos defender o não-cumprimento da carga horária. Vamos cumprir a carga horária e melhorar a saúde de Porto Alegre!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 3612/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 230/02, de autoria dos Ver.os Estilac Xavier e Marcelo Danéris, que denomina Rua Fernando Camarano um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Rubem Berta.

 

PROC. 3755/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 241/02, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que denomina Rua Ernesto Arlei Kuhn um logradouro cadastrado, localizado no Bairro São Sebastião.

 

PROC. 0006/03 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 001/03, de autoria do Ver. Raul Carrion, que dispõe sobre segurança em estabelecimentos comerciais e congêneres; altera a Lei Complementar n.º 284, de 27 de outubro de 1992, e alterações posteriores, e dá outras providências.

 

PROC. 0011/03 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 006/03, de autoria dos Ver.os Adeli Sell e José Valdir, que concede o título honorífico de Líder Esportivo ao Professor Luiz Alcides Ramires Maduro.

 

PROC. 0748/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 011/03, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que denomina Rua Delmar de Araujo Ribeiro um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Hípica.

 

PROC. 0749/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 012/03, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que denomina Rua Edilson João Prola um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Ipanema.

 

PROC. 3495/02 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 019/02, de autoria do Ver. Adeli Sell, que altera a Lei Complementar n.º 434, de 1º de dezembro de 1999, e alterações posteriores (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Porto Alegre). Com Emenda nº 01.

 

PROC. 3802/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 243/02, de autoria do Ver. Ervino Besson, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Clóvis João Polese.

 

PROC. 0729/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 010/03, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que torna obrigatória, nos bares, restaurantes e similares, a afixação de placas informativas sobre saúde alimentar, em local visível ao consumidor.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Não há no dia de hoje Projetos em 1.ª Sessão.

O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente; Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, eu destaco no debate de Pauta na Sessão do dia de hoje, Ver. Pedro Américo Leal, que acompanha atentamente o debate, um Projeto de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, um Projeto simples, mas que traz um debate profundo para esta Casa, que trata de discutir com a sociedade de Porto Alegre a questão do direito do consumidor e, centralmente, com o consumidor que procura os lugares desta Cidade para se alimentar, como restaurantes e lanchonetes. Mas a legislação do Ver. Aldacir Oliboni vai além disso, que é um debate de qualidade de vida, sobre que tipo de alimento estamos buscando, que tipo de vida saudável temos de construir para nós. Esse é o debate que o Projeto propicia. Por isso eu destaco o Projeto nesta Sessão de Pauta. Temos de, para além da matéria que está colocada aqui, que organiza o sistema de lancherias, restaurantes da Cidade, fazer com que sejam fixadas placas informando os usuários daqueles estabelecimentos sobre questões de calorias alimentares, alimentos com gorduras, quantidade de açúcar. Para além da questão mais técnica, que pode ser respondida neste Projeto, ele avança para uma questão que, do meu ponto de vista, é estratégica para o mundo de hoje. Um mundo que busca cutucar cada um de nós para nos afastarmos um pouquinho desse modelo de vida sedentária, tal a correria. Muitas vezes nós, os Vereadores, nessa correria de parlamento, fazemos as nossas refeições de forma desorganizada, não temos horário. Este Projeto abre um debate para a qualidade de vida, ele é estratégico, interfere centralmente com a questão da saúde. Quando se debate saúde, geralmente é a partir do contexto, de saúde/doença, da pessoa que já está doente, e não da saúde como prevenção. Cada um de nós deve estar atento, saúde não se faz só no Sistema Único de Saúde; fazemos saúde o tempo todo, na nossa casa, no lugar onde nos alimentamos. É interessante estarmos abertos para essa concepção da saúde que vai além da prevenção, o modelo de saúde que defendemos na cidade de Porto Alegre não é um modelo curativo, não é um modelo que se resolve na emergência de um hospital lotado; um modelo de saúde se resolve, diferente de outras cidades, num projeto que distribui cento e quarenta e dois postos de saúde na cidade de Porto Alegre. Eu quero que aqui seja registrado por outros Vereadores, de outros Partidos políticos, qual cidade, no Brasil, tem tamanha rede básica de saúde pública? O debate que o Ver. Aldacir Oliboni nos propicia é este, Ver.ª Margarete Moraes, de podermos discutir um conceito de saúde, um modelo de saúde para a Cidade que vai além do conceito de um profissional liberal ou não. Para mim, servidor que faz concurso público não é profissional liberal; ele assina contrato, deve responder pelo contrato. O debate que o Ver. Aldacir Oliboni nos propicia, neste Projeto, nos abre essa sutileza de chamar a atenção que qualidade de vida de cada um de nós, para cada cidadão desta Cidade, tem de estar ligada ao todo: onde moramos, qualidade de ar que respiramos, a cidade em que circulamos, as condições do meio urbano dessa Cidade e, centralmente, como nos alimentamos. Por isso que eu fiz questão de saudar o Projeto do Ver. Oliboni, destacando-o nesta Sessão de Pauta. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. A Ver.ª Margarete Moraes está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Sr. Presidente, João Dib, Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores. Eu gostaria, neste momento, de cumprimentar os Vereadores, companheiros, Marcelo Danéris e Estilac Xavier, pelo Projeto, quando eles propõem o nome do companheiro Fernando Camarano a um logradouro no Bairro Rubem Berta. Muito além das qualidades expressas e colocadas no Processo, e também já referidas pelos Vereadores Zé Valdir, Renato Guimarães, Raul Carrion, no dia de ontem, que exaltam as qualidades de líder comunitário, de líder social, de alguém que militava 24 horas por dia por um mundo possível, por um mundo com outros valores, com valores coletivos, como alguém que olhava sempre para o lado e procurava encontrar o lado em suas misérias, em suas qualidades, eu gostaria de referir uma outra face do companheiro Camarano, às vezes desconhecida.

Camarano era uma personalidade que reconhecia méritos no desenvolvimento da arte e da cultura em locais alternativos, em locais não-tradicionais, na vila, no bairro. Ele considerava que, independendo da condição social das pessoas ou do local de moradia, de raça ou de gênero, todas as pessoas têm o direito de conhecer, de compreender, Ver. Pedro Américo Leal, este mundo que a gente vive. Ele considerava a cultura e a arte como um direito. Um direito de acesso aos grandes tesouros universais da humanidade, principalmente, o direito das pessoas serem felizes. Era um sábio, o Camarano. Participava das comissões de cultura, no Bairro Rubem Berta, e hoje, já que falamos em patrimônio, Sr. Presidente, João Dib, Fernando Camarano era um patrimônio humano muito importante para nós, e é fundamental que as novas gerações saibam da sua personalidade, do seu pensamento. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Zé Valdir está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, temos, hoje, em 3.ª Sessão de Pauta, um Projeto de autoria do Ver. Raul Carrion, que reputo da maior importância para a segurança desta Cidade. O Projeto do Vereador propõe que os shopping, casas e lojas comerciais, com mais de mil metros quadrados, tenham de construir um acesso próprio de entrada e saída dos transportes de valores, porque sabemos que isso tem a ver diretamente com a segurança, com assalto a carro-forte, que atinge e expõe a população usuária desses estabelecimentos. Este Projeto, além disso, proíbe também que, onde haja eventos esportivos ou culturais, se realize esse transporte de valores. E, naqueles locais onde não há a possibilidade de fazer a adaptação do prédio, o Projeto propõe que a atividade de entrada e saída de valores seja feita meia hora antes do início das atividades comerciais ou meia hora depois do encerramento dessas atividades. O Projeto estabelece uma série de sanções que vão desde a multa até a interdição e a cassação do alvará. Então, este Projeto é muito importante, agora, ele tem uma história interessante e, ao mesmo tempo estranha, porque este Projeto de Lei, que foi apresentado pelo Vereador há cerca de dois anos, tramitou, discutiu-se, nesta Casa, em 2001 e 2002, foi à votação no final do ano passado e foi rejeitado por 11 votos a favor, 8 contra e 6 abstenções. Foi rejeitado, porque é Projeto de Lei Complementar e não atingiu a maioria dos 17 votos. Acho estranho, porque não é a primeira vez que acontece isso com esses Projetos. Todos os projetos aqui, que não têm uma relação direta, possibilitando o confronto com o Executivo, sendo projetos normalmente como esses que se propõem a criar normas imperativas que interfiram, que regulem de alguma forma a atividade econômica, que regulamente a atividade econômica em função da qualidade de vida, em função da proteção de interesses da comunidade, de interesses difusos da população, esses projetos tem uma enorme dificuldade de serem aprovados nesta Casa, por quê? Será por que são projetos que não confrontam diretamente com o Executivo? Será por que são projetos que, pelo contrário, visam a interferir no chamado sagrado direito da propriedade privada? Será por que são projetos que procuram regulamentar essa atividade de interferir em nome da população? Não sei! Não sei! Mas o fato é que esses projetos todos, como o Projeto do Ver. Raul Carrion, quando eles não confrontam diretamente com o Executivo e quando se propõem a fazer algum tipo de intervenção na atividade econômica da Cidade, eles têm enorme dificuldade de serem aprovados nesta Casa, tanto que este Projeto, pelo resultado que vi, eu não estava aqui, mas deduzo, deve ter recebido apenas o voto do Ver. Raul Carrion e da Bancada do PT, os demais ou se abstiveram ou votaram contra ou não estavam presentes. Eu estou colocando isso não é para criar uma polêmica desnecessária, porque, agora, este Projeto merece ser aprovado. O Projeto vem para esta discussão, inclusive reformulado, incorporando uma série de sugestões dos Vereadores e, especialmente, sugestões que foram também encaminhadas pela própria Secretaria de Obras que, na época, fez essas sugestões.

Então, este Projeto é o mesmo, mas é um Projeto bem mais enriquecido por todas essas contribuições.

Concluindo, Sr. Presidente, eu espero, sinceramente, que este Projeto seja agora aprovado por este Plenário.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Eu não tenho, Ver. Raul Carrion, demais Vereadores, Sr. Presidente, a habilidade e o halterofilismo de idéias do Ver. Renato Guimarães, que conseguiu falar da greve dos médicos quando discutia o Projeto do Ver. Aldacir Oliboni, que torna obrigatória nos bairros e restaurantes a fixação de placas informativas sobre saúde alimentar em local visível ao consumidor. Ele conseguiu falar na greve dos médicos... Ele realmente é um dos grandes artistas que temos aqui na arte da tribuna, jogando com o florete da palavra. As minhas homenagens ao Ver. Renato Guimarães.

Ver. Raul Carrion, nós temos em Pauta Projeto que dispõe sobre a segurança em estabelecimentos comerciais e congêneres alterando e dando nova redação às leis que regulavam a matéria. Realmente, a cidade de Porto Alegre está exposta, muitas vezes, Ver. Pedro Américo Leal, a riscos mil vezes maiores quando há o transporte de valores. No transportes de valores, as vias usadas são muito mais expugnáveis, são muito mais vulneráveis, propiciando e sugerindo muitas vezes até a rota dos assaltantes. Por isso deveria, Vereador, a segurança, sendo alguma coisa de municipal, de importância no Município, na minha opinião, vingar a tese do Ver. Nereu D’Avila, que fala da Secretaria de Segurança do Município. Acho que poderíamos continuar este debate e tratar este assunto, exatamente porque vemos a cada instante pelo noticiário local assaltos a casas comerciais, a estabelecimentos.

 

O Sr. Raul Carrion: V. Ex.ª permite um aparte?

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Eu gostaria muito de ouvir o seu aparte em relação a um Projeto de tamanha importância.

 

O Sr. Raul Carrion: Eu queria agradecer este aparte, que será bem rápido, sobre a sua manifestação. Eu estava escutando, do gabinete, a manifestação do Ver. Zé Valdir e queria destacar a importância deste Projeto, que surgiu até de pessoas que estavam num shopping center, na área de alimentação, no momento em que uma equipe que transportava valores, no meio dos consumidores, e houve um tiroteio com quatro feridos. Imediatamente me ligaram pedindo uma medida. Estudamos o caso e a proposta é que se faça através de caminhos próprios. Existem caminhos próprios para o transporte das mercadorias; nós tivemos, inclusive, uma contribuição da polícia, no sentido de dar sugestões concretas.

Para concluir, foi uma surpresa o resultado da votação, porque todas as Comissões tinham aprovado o Projeto, sem nenhum problema e houve algum problema na hora. Então, fizemos novamente o Projeto, já agregando as idéias que tinham surgido na trajetória, Emendas e tudo o mais, e pedimos uma atenção muito grande dos Vereadores, porque é um Projeto surgido da voz do povo, que nos pediu.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: E principalmente, Vereador, surgido também desse risco imenso de pessoas que às vezes não têm absolutamente nada a ver serem vitimadas, tamanho o grau de violência, tamanho o grau de voracidade do assaltante, e também da exposição e da imprevidência.

 

O Sr. Raul Carrion: Imagine esses seguranças, com cano serrado 12 e engatilhado, 38 na mão, circulando numa área de alimentação de um shopping center, na hora de maior fluxo.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: E qualquer chamada bala perdida não fica tão perdida assim. Eu agradeço a V. Ex.ª, o seu aparte enriqueceu muito o meu pronunciamento. Acho fundamental que a guarda de valores e a segurança não exponham a riscos uma população que já está submetida a tantos outros. Seria indiscutivelmente uma das grandes iniciativas desta Casa, tentando disciplinar alguma coisa que diminua o risco das pessoas no momento do transporte de valores. Parabéns, Ver. Raul Carrion. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, entre os vários assuntos que estão em Pauta, muitas homenagens, absolutamente justificadas, desde a homenagem que o Ver. Isaac Ainhorn pretende prestar postumamente ao nosso companheiro rotariano Ernesto Kuhn, até a concessão do Título de Líder Desportivo ao Professor Luiz Alcides Ramires Maduro, proposta conjunta do Ver. Adeli Sell, há um Projeto que nós temos de ter uma dedicação muito forte sobre ele. Este Projeto é de autoria do Ver. Adeli Sell, e foi recuperado, penso eu, pelo Ver. Zé Valdir. É um Projeto de Lei Complementar que busca promover alterações na Lei n.º 434 de 1.º de dezembro de 1999, que trata do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental.

Aliás, Sr. Presidente, falar sobre este assunto nos permite um alerta à Casa. Neste ano, nós já teríamos de estar debruçados sobre a reavaliação do Plano Diretor prevista na própria Lei que o instituiu e que, obviamente, fica pendente de uma ação do Poder Executivo, que, naturalmente, teria de propor esse debate para a Casa Legislativa, e na medida que não o faz, cria esse espaço, no meu entendimento, de inversão desse processo pelo qual esse reexame necessário do nosso Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental possa ser provocado objetivamente por este Legislativo. Razões não nos faltam, eis que várias das medidas complementares previstas na Lei que pretende ser transformada em um dos seus aspectos pelo Ver. Adeli Sell, agora com o apoio do Ver. Zé Valdir, que foi, penso eu não sei se me equivoco, Ver. Zé Valdir, V. Ex.ª que requereu o retorno ao debate desse Projeto do Ver. Adeli Sell.

Então, o que eu digo é que V. Ex.ª ao tomar essa providência nos abre um leque de discussão, porque nós teríamos de estar, neste momento, discutindo o Plano Diretor como um todo, eis que, por exigência da própria Lei que o instituiu ele teria de estar em processo de reavaliação neste momento. Por que eu falo com relação a esse seu Projeto? Porque se nós estamos querendo o mais, como é que nós vamos deixar de discutir o menos? O menos não no sentido da qualificação, mas queremos discutir o conjunto, o todo, em suas implicações, e o Projeto do Ver. Adeli Sell, que V. Ex.ª recupera, toca numa parte do amplo espectro em que se envolve o problema do desenvolvimento urbano ambiental aqui em Porto Alegre. Na oportunidade anterior em que se revisou o Plano, e como V. Ex.ª e o Ver. Adeli Sell não são os únicos que tentam produzir alterações, o que se fez foi reunir essas propostas todas para o exame em conjunto. Não sei, Ver. Isaac Ainhorn, se não é o caso de nós repetirmos esse fato, apesar de que, penso eu, que a manter-se esse silêncio do Executivo a quem deveria caber a iniciativa de deflagrar esse debate, acho que a Câmara, necessariamente, tem de assumir esse encargo e se antecipar ao Executivo no que não estará ferindo nenhuma disposição de lei, muito antes pelo contrário; estará cobrindo uma omissão que, lamentavelmente se registra nesta hora.

Como nós já estamos no terceiro mês do ano, praticamente nos encaminhando para o quarto mês, acho que a perenização dessa atitude omissa nos autoriza a uma tomada de posição. De qualquer sorte, Ver. Zé Valdir, eu quero cumprimentar V. Ex.ª porque, recuperando esse Projeto, nos dá uma possibilidade de discutir sobre o tema. Eu tenho uma visão um pouco diferente da apresentada pelo Ver. Adeli Sell, o que não impede de reconhecer a relevância do restabelecimento dessa matéria e da sua colocação em discussão aqui na Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Solicito que o Ver. Luiz Braz assuma a presidência dos trabalhos para que eu possa fazer a utilização do Tempo de Presidente.

 

(O Ver. Luiz Braz assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Tempo de Presidente.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores. Eu desejo fazer um rápido relatório do que ocorreu nos três dias em que exerci a Prefeitura de Porto Alegre, na ausência de S. Ex.ª o Prefeito João Verle, que foi tratar assuntos de interesse da municipalidade em Brasília, juntamente com Prefeitos de todo o Brasil.

O primeiro Secretário que eu recebi foi exatamente o Secretário da Saúde Dr. Joaquim Kliemann, que colocou exatamente a posição da Prefeitura, da Secretaria em relação ao posicionamento dos servidores da saúde. Eu ouvi com a atenção que ele me mereceu, porque ele também me distinguiu com a sua atenção, mas, evidentemente não me cabia além disso, senão ouvir, porque não me cabia tomar decisões que eram do titular Prefeito João Verle.

Depois conversei com os técnicos da Secretaria da Fazenda, onde eu coloquei todas as minhas dúvidas em relação ao IPTU pago a mais pelos munícipes porto-alegrenses, eis que a Lei Complementar n.º 438 não poderia ser modificada por um Decreto do Prefeito e há - como eu levei ao conhecimento dos técnicos da Fazenda - casos de 267% de aumento do IPTU.

A Lei é clara, precisa e concisa quando diz que o IPTU de 2003 seria igual ao IPTU de 2002 mais o IGP-M, que foi de 25,31%. Evidentemente não resolvi o problema nem me caberia resolvê-lo, mas ele tem de ser examinado pela Casa e eu vou encaminhá-lo para a Comissão de Defesa do Consumidor com dados para que seja examinado o que ocorreu com o IPTU de 2003 e que não respeitou a Lei Complementar n.º 438. E a Secretaria da Fazenda se apoia num Decreto de 1995, que fala sobre profundidade de terreno, sobre testada de terreno e que não tem nada a ver com a Lei Complementar n.º 438.

Também conversei com os técnicos da EPTC, porque uma das maiores reclamações que esta Cidade tem é a ausência de denominação dos logradouros públicos. Em 1995, eu já havia acertado, porque recebi a sanção do Prefeito Tarso Genro na oportunidade, uma verba para a denominação dos logradouros públicos e não aconteceu nada. Também havia um Projeto de Lei aprovado dizendo que 1995 seria o ano da denominação dos logradouros públicos. E não aconteceu nada! Informou-me a EPTC de que está com um Projeto de Licitação, vai-me encaminhar a matéria para que eu possa tomar conhecimento, talvez até opinar, mas o importante é que parece que estão preocupados e que as denominações dos logradouros vão acontecer. Eu penso que está havendo uma pequena confusão, mas, num somatório de esforços, vai acontecer.

Hoje pela manhã eu participei do Seminário sobre Práticas de Bom Governo que o Tribunal de Contas e o Lions Clube Porto Alegre fazem para todo o Estado. Lá estavam dezenas de Prefeitos, lá estavam dezenas de presidentes de Câmaras e ninguém representou a Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Neste momento, o Ver. Elói Guimarães, 1.º Vice-Presidente desta Casa, está lá registrando a presença da nossa Casa, porque os assuntos lá tratados são da mais alta importância para quem dirige uma cidade, para quem tem a responsabilidade de fazer valer a Lei de Responsabilidade Fiscal, as leis que fazem com que o Prefeito esteja sempre com uma espada sobre ele pendurada. E uma das coisas que eu ouvi hoje lá foi do Presidente da OAB, na sua palestra que foi assistida e ouvida com muita atenção - não se ouvia nenhum ruído, foi muito aplaudido no final -, ele disse que o novo Código Civil, e ele se referia à greve que está instalada em Porto Alegre, pode trazer sérios problemas para o Executivo e para o Prefeito como pessoa física - pode até ter bens indisponíveis -; se por uma infelicidade qualquer, alguém tiver a sua saúde afetada em razão da greve, que não foi declarada ilegal, o Prefeito vai ser responsabilizado, como a própria Prefeitura, ambos.

Eu sei que não é uma coisa fácil de ser decidida. Ontem mesmo, o Ver. Beto Moesch, Presidente da Comissão de Saúde, me telefonava dizendo que a Comissão de Saúde tentaria intermediar o evento, mas, até agora, não sei se aconteceu alguma coisa, não sei se houve o contato da Prefeitura e a Secretaria de Saúde; enfim, nós estamos procurando que nada aconteça de ruim nesta Cidade. O problema é sério, problema de difícil solução, tudo isso nós sabemos. Mas, que tem de ser equacionado e resolvido, nós não temos nenhuma dúvida. Por isso, eu tenho certeza de que, nas próximas horas, com a intermediação da Câmara Municipal, com a intermediação da Comissão da Saúde da Assembléia, que se posicionou pronta para intermediar em cima da nossa Comissão de Saúde, que assim fez a comunicação para mim, ontem, eu acho que teremos solução, em breve, desse problema que aflige toda a Cidade. E é realmente grave, importante e precisa ser equacionada e resolvida. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

Devolvo a presidência para o Ver. João Antonio Dib.

 

(O Ver. João Antonio Dib assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, novos tempos estão ocorrendo nesta Casa, porque uma oposição organizada está vigilante e atenta; mais de uma vez já se reuniu a fim de resolver situações e dificuldades em nossa Cidade. E hoje tivemos mais um exemplo: uma comissão composta pelos Vereadores Pedro Américo Leal, Sebastião Melo, Reginaldo Pujol, Ervino Besson, Cláudio Sebenelo e Elias Vidal, preocupados com uma grave ocorrência, com um crime que ocorreu junto a um posto de gasolina, próximo a uma loja de conveniência em nossa Capital, vimos que isso poderia ser um indício ou um rastilho, um assunto forte de preocupação para os Srs. Vereadores. E os Vereadores foram lá e foram recebidos pelo Presidente do Sindicato das Empresas de Combustíveis, Dr. Antônio Goidanich, e foram informados da situação, do que ocorre durante à noite junto às lojas de conveniência anexas aos postos de gasolina. É uma situação preocupante porque lá se reúnem jovens, onde, tristemente, a droga circunda, fica ao redor, não entra, mas fica ao redor. E é uma preocupação muito grande.

Os Srs. Vereadores lá foram, preocupados, e tenho certeza de que ações dessa visita serão executadas daqui para frente, visando diminuir a violência em Porto Alegre. Quanto a isso, temos certeza de que a oposição está atenta e vai render frutos.

Eu vejo, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, que os jornais de hoje dizem que a Prefeitura foi condenada a arcar com danos de alagamentos. A Justiça condenou! Se a moda pega, a Prefeitura terá dificuldades financeiras. Esperamos que as medidas contra os alagamentos sejam aceleradas.

Está-me visitando, aqui, uma moradora, Dona Ana Maia, da Vila Nova São Carlos, lá na Lomba do Pinheiro, no Acesso 1, que traz fotografias de alagamentos na sua Região. O DEP lá esteve e tristemente alegou: “Meus equipamentos, o caminhão que limpa a tubulação está estragado há um bom tempo, não está funcionando”. E os habitantes lá estão sofrendo danos de alagamento por problemas de equipamento estragado. Isso não deve ocorrer! Mais uma vez os Srs. Vereadores têm de estar atentos e, agora, há o caminho da Justiça para que sejam recuperados esses prejuízos, mas a maioria das pessoas não se quer incomodar e não recorre à Justiça. Façamos votos de que a Prefeitura acelere as medidas para acabar com os alagamentos em Porto Alegre, medidas essas que já são tardias. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Dr. Goulart está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. DR. GOULART: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib; Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, eu queria agradecer ao meu grande Líder, Isaac Ainhorn, um homem atento aos problemas do Município, sem se descuidar do cosmo, por ceder-me este tempo. V. Ex.as hão de perguntar por que o Dr. Goulart, hoje, fala tanto? É uma obrigação que tenho, é a obrigação de estar solidário com os funcionários da saúde, que estão reunidos, discutindo os rumos desse acontecimento nefasto, que é de uma greve na saúde. Em outros setores as greves são suportáveis, às vezes são chatas, são incômodas, mas são suportáveis; na saúde, poderá tornar-se insuportável!

O assunto ao qual V. Ex.as têm que centrar o raciocínio não é o horário; o horário é o expediente que está sendo utilizado pelo Governo para se tornar simpático à opinião pública. “Vamos fazer os trabalhadores da saúde trabalharem mais.” Isso é uma ilusão, é uma falácia, por quê? Vamos pegar o seguinte raciocínio: um clínico que trabalha 6 horas - está trabalhando 6 horas -, a partir deste Decreto terá de trabalhar 8 horas. Nas 6 horas em que trabalha - e os usuários do SUS saberão exatamente o que estou dizendo, não vale quem tem plano da saúde e quem pode pagar consulta, não vale, falo do usuário do SUS -, o médico não consegue encaminhar uma pessoa para o especialista. Não são quinze pessoas que ele não consegue; ele não consegue encaminhar uma só pessoa! “Ah! A senhora precisa de um oftalmologista? A senhora se dirija ao postinho de saúde para que a Central de Marcações...” – famigerada – “... lhe marque a consulta.” “Um ano e meio!” É isso que nós estamos reclamando, é isso! Aí a senhora precisa de um médico de garganta: um ano e oito meses para conseguir a consulta! É isso que nós estamos reclamando, e é com relação a isso que o povo tem que nos socorrer, porque o povo está sabendo que não consegue tomografia, ecografia – um exame singelo, um exame delicado, um exame barato, não tem pelo SUS! É isso que nós estamos reclamando! E o que faz a Administração? Faz o que o Secretário Substituto, que aqui estava, e agora me lembrei do seu nome, o Armando De Negri, disse: “Vocês querem discutir a qualidade da saúde? Pois, eu vou discutir o horário de vocês.” Ele sabia que havia essa combinação, essa Ordem de Serviço assinada pela moça de quem o Ver. Marcelo Danéris aqui falava.

Então, estão “varrendo o lixo para baixo do tapete”, enganando... (Aponta para o Plenário.) Você, enganando você, enganando você, quando diz que o problema é o horário do médico, quando diz que o horário do funcionário da saúde é que é o problema! Falácia, porque lá ficarão trabalhando mais duas horas para resolver o quê, se não tem resolução? E nós, dos partidos do campo popular, que defendemos o povo, precisamos cuidar de uma resolução, de uma boa política, de um bom cuidado com quem sofre, com quem não tem consulta. O povo todo que está me ouvindo neste momento está entendendo o que estou dizendo. Quem consegue uma consulta? Quem consegue um exame nesta terra? Ninguém! O que se faz? Diz-se, num determinado momento, que o culpado é o horário do funcionário da saúde. Não vai resolver nada o horário. O que tem de resolver é uma boa política de saúde. O nosso Líder disse que seria interessante que o Secretário da Saúde fosse convidado para ter seu espaço para falar, ou melhor, convocado. Poderemos fazer isso para ver o outro lado. Vocês verão que ele vai dizer que há dificuldades na saúde, que há dificuldades de encaminhamentos, porque ele não mente, que há dificuldades aqui e dificuldades acolá, que não existe uma política municipal de saúde. Não existe! O índice de amputação de perna é de 68% na primeira consulta! Quando conseguem chegar ao cirurgião vascular, têm de amputar a perna. Isso é indicador de que não é o horário o problema. Não há horário que reponha a perna, mas sim um programa bem feito de saúde. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Beto Moesch está em representação da Casa na Reunião Ordinária do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do lago Guaíba - eu sou do rio Guaíba -, desde as 14 horas.

O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, é evidente, Ver. Dr. Goulart, que nós não poderíamos deixar de nos manifestar sobre a questão envolvendo a saúde pública de Porto Alegre. E é preciso, com tranqüilidade, dizer que há coisas mais profundas na questão da saúde do que a simples questão das 30 horas. É preciso dizer, em alto e bom som, que, nesta Cidade, muitas pessoas têm morrido, Ver. Cláudio Sebenelo, porque não há ambulância. E é uma questão de gestão da Prefeitura de Porto Alegre. Tem que dizer para a população que centenas de pessoas, nesta Cidade, têm as suas pernas amputadas porque ficam 6, 7, 8 meses aguardando uma consulta especializada. Disto o Governo não quer falar, mas o Governo deve responder. O Governo que diz que não tem dinheiro para pagar a saúde é o governo que colocou um milhão, quatrocentos e sete mil nos tapetes vermelhos, ali, na sede da Vigilância Sanitária, que desde 2001, até agora não foi inaugurada. Desviado do SUS, dinheiro do trabalhador.

Portanto, falta administração na gestão da saúde; mais do que isso, há um acordo formal de uma portaria de serviço dizendo que os médicos, atendendo a uma demanda de 1995, essa questão estava encaminhada. Mas eu vou mais, eu quero pegar o exemplo daqueles que são do Estado e da União, Ver. Zé Valdir, que ganham 1.300 reais para trabalhar 8 horas. Um apartamento, quase kitchenette nesta Cidade custa 500 reais, se o médico comer mais um cachorro-quente, ele vai gastar mais 100 reais por mês, e se ele andar de ônibus, vai gastar mais 150 reais. É humanamente impossível que, com um salário de 1.300 reais, um médico possa prestar um bom serviço. Não tem como, Ver. Dr. Goulart, não tem como - o Sr. Secretário sabe disso, porque é médico.

 

(Aparte anti-regimental do Ver. Zé Valdir.)

 

A gestão da saúde, Ver. Zé Valdir, nesse aparte anti-regimental, está sob o comando da Prefeitura desde 1991, e todos os postos do Governo do Estado foram transferidos em 1997. Então V. Ex.ª não venha transferir responsabilidade; a competência para gerenciar a saúde de Porto Alegre é dos senhores, tem que gerenciar. Faltam remédios, faltam médicos, há filas, e agora os senhores querem fazer a “teoria do bode”: querem dizer que o problema da saúde é só a questão das 40 horas. Não é verdade! Vamos ter que discutir, Ver. Dr. Goulart, com profundidade. Deve estar no bojo dessa discussão a carga horária, mas não se pode reduzir a questão da saúde à questão da carga horária. Esta Cidade, Sr. Presidente, é a Cidade que tem menos agentes comunitários por população atendida no País, porque aquele agente comunitário, um médico de família que vai lá na ponta fazer com que desafogue a emergência e as filas contumazes que têm na cidade de Porto Alegre. Não! Não vamos reduzir esta discussão à carga horária, isso é rebaixar a discussão e é querer desviá-la do seu foco principal, que é esta má gestão da saúde. E V. Ex.ª que está sendo ameaçado de ser processado; eu não entendo isso, sinceramente, de uma crítica legítima de alguém que vem à tribuna. E o Secretário Joaquim Klimann se sentir ofendido. Eu até fiz essa informação, porque me disseram que ele recebe de três, quatro lugares, não sei se é verdade isso; então, talvez ele não goste muito de horário, mas talvez ele goste de receber de várias fontes, eu não sei se procede isso, quer da Faculdade, quer do SUS, quer do Município. Eu não sei!

Então, portanto, Vereador-Presidente, colegas Vereadoras e colegas Vereadores, eu quero encerrar dizendo o seguinte: o Vereador-Presidente da nossa Comissão, Vice-Presidente dessa Comissão, Ver. Dr. Goulart, esta Casa não pode se ausentar deste debate, temos de fazer uma audiência aqui e agora, de imediato e colocar a Prefeitura, colocar a comunidade, colocar a discussão, mas não reduzi-la apenas à carga horária, queremos e devemos discutir a saúde de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, acho que esta Casa Legislativa tem a maior responsabilidade, através deste Plenário e da sua Comissão de Saúde, para tratar sobre este tema. Temos de ter o cuidado para não sermos irresponsáveis em lidar com o tema de tamanho valor, de tamanho peso a cada cidadão do Município de Porto Alegre. De fato, o que está em debate aqui é que modelo de saúde queremos, que SUS nós queremos para a cidade de Porto Alegre. E o que nós temos de afirmar aqui, enquanto Bancada do PT e de Governo, é que Porto Alegre é considerada por organizações internacionais na área da saúde e pelo Ministério da Saúde como a melhor Capital que desenvolve o Sistema Único de Saúde, isso tem de ser dito aqui, não só pelos Vereadores da Bancada do PT, mas por todos os Vereadores, porque não são organismos ligados à Prefeitura de Porto Alegre que dizem isso. Quem diz isso são organizações internacionais ligadas à saúde e o próprio Ministério da Saúde que, nos últimos 4 anos, em todos os anos, premiou Porto Alegre como a melhor Capital onde o SUS foi aplicado. Isso tem de ser referenciado aqui.

O debate, Ver. Goulart, é muito complexo, porque não estamos falando aqui de alguém trabalhar mais do que o devido. Estamos dizendo aqui que, quando um servidor público, que fez concurso público, assina um contrato de trabalho, ele tem que cumprir esse contrato de trabalho. Porque, do contrário, o próprio gestor está-se colocando numa situação de ilegalidade. E o que estamos propondo, num processo de negociação, que vem desde o ano de 2001, quando se começou um debate com cada trabalhador do SUS de Porto Alegre, um debate pactuado desde março de 2001, seminários regionais do SUS, é reordenar o sistema de funcionamento da Secretaria Municipal da Saúde, fazendo com que cada trabalhador da saúde, e que se explique aqui, Ver. Goulart, que cada trabalhador, além de prestar aquela carga horária organizada, na ordem de serviço que o senhor apresentou aqui, que conhecemos muito bem e defendemos, além daquela hora organizada, muitas vezes, são de 4 a 6 horas, esse trabalhador, para completar a sua carga horária contratual, que ele assinou no concurso público, se engaje em outras atividades de saúde pública no Município de Porto Alegre.

O debate é esse, esse é o debate verdadeiro, é isso que estamos trazendo para esta tribuna, é isso que a Prefeitura de Porto Alegre está cobrando. Portanto, esta Casa tem de ter muita responsabilidade em chamar os trabalhadores da saúde e dizer que esta greve está deslocada do cenário de construção do SUS, que uma cidade que sustenta um SUS, que pega 350 milhões e bota à disposição do cidadão, para que ele promova a sua saúde, não é uma cidade que não está tendo atenção. É interessante dizer isso. É também interessante fazer o registro que temos distorções no sistema, houve municipalizações que vieram prejudicar o modelo de saúde no Município de Porto Alegre. Por exemplo, os trabalhadores de saúde federais vieram para a municipalização com seus salários achatados, são 8 anos de Governo Fernando Henrique Cardoso sem nenhum aumento, construindo uma distorção de salário entre o médico municipal e o federal, entre o enfermeiro municipal e o enfermeiro federal.

Agora, não podemos querer recuperar isso com um simples toque de caixa. Nós temos um processo de trabalho que vai desde a União em rediscutir, sim, o plano tanto dos federais, estaduais, como dos municipais, no sentido de construir isonomia, construir qualidade de trabalho e salário para as pessoas.

Portando, é isso que a nossa Bancada, é isso que o nosso Governo vem pedir, no sentido de negociar pelo retorno total dos trabalhadores. Nós temos informação que a greve é residual. Por que ela é residual? Porque o mérito da greve não está respondido da maneira como os Vereadores vieram aqui na tribuna e disseram. O mérito da greve acaba sendo uma disputa pontual de um setor, de uma categoria. Nós queremos dialogar com todos trabalhadores, no sentido de dizer que o projeto de saúde de Porto Alegre é construído junto com os trabalhadores de saúde. É isso que nós estamos afirmando. É por isso que nós dizemos que a mesa de negociação estará, esteve, está aberta sempre para construir, mas para construir um modelo público de saúde, onde todos os trabalhadores, sem nenhum privilégio para nenhuma categoria, possam estar presentes. É isso que nós viemos propor aqui.

Estamos aqui, também, Ver. João Dib, enquanto bancada, enquanto Governo dizendo que nós somos favoráveis a que o Secretário seja convidado para vir aqui fazer este debate junto conosco. Mas para ser convidado! Jamais um Secretário nosso, municipal, se negou a vir a esta Câmara e repartir os problemas da Cidade, nunca! Seria uma afronta, uma indelicadeza com o Executivo e com o Secretário convocá-lo, se nunca houve a negativa de um Secretário aqui comparecer. Portanto, podemos convidar esse Secretário a vir aqui e repartir conosco o debate desse tema que é muito caro para a cidade de Porto Alegre.

Por fim, quero dizer que as manifestações de cada Vereador nesta tribuna, enquanto estão no campo da política, são muito importantes de serem respeitadas, mas não podemos usar da imunidade para atacar nenhum cidadão aqui desta tribuna porque aí - eu acho - nós passamos do nosso limite. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Ex.mo Ver. João Dib, demais Vereadores, Vereadoras e aos que nos assistem aqui e em suas casas. Em primeiro lugar, nós queríamos também, em nome da Bancada do Partido Comunista do Brasil, o PC do B, manifestar a nossa preocupação com o quadro de início de uma greve, no dia de hoje, ainda que saibamos que são, fundamentalmente, dos funcionários federais que foram integrados no sistema SUS com a municipalização. Queríamos dizer que todo o conflito deve ser tratado com tranqüilidade. Faz parte, é uma disputa entre trabalho, e, no caso, não capital, mas entre trabalho e a administração, e nós, e entendo que toda a Bancada do PT, do PSB estamos à disposição para tentar um diálogo e a negociação, que é o que se impõe.

Agora, gostaríamos de refletir um pouco, e o Ver. Dr. Goulart até outro dia cobrava e nós dizíamos que diante do problema iríamos nos manifestar, que em primeiro lugar, isso é fruto de um acúmulo de anos de descaso com a saúde no nosso País, fundamentalmente em nível das autoridades federais. E isso redundou, como já havia colocado o Ver. Renato Guimarães, numa grande distorção salarial. Eu diria que a questão de fundo, Ver. Dr. Goulart, é a questão salarial, porque enquanto o Município tem reajuste a cada dois meses, o Governo Federal durante o desgoverno neoliberal, durante oito anos não deu aumento, e nós temos aqui alguns dados: quanto ganha um médico do Município que trabalha 40 horas? Tenho aqui uma tabela, mas tem até no jornal, todos podem acompanhar. Um médico do Município ganha 2.673 reais. Quanto ganha o mesmo médico, com a mesma função, com carga horária igual do Governo Federal? Um mil e 629 reais. Esta é a questão, a questão é salarial herdada dos governos neoliberais. É ou não é Ver. Dr. Goulart? Então, acontece que ao haver a municipalização, existe hoje uma situação que nós temos médicos federais trabalhando com médicos estaduais, trabalhando com médicos municipais e os do Município ganhando muito mais, porque aqui existe uma política salarial, apesar de determinados Vereadores não querem reconhecer, “tapam o sol com a peneira”. Então, está aqui o problema. Então, o que os médicos federais acham? Se eu estou ganhando menos que o do Município, devo trabalhar menos. Mas é um problema que não cabe só ao Município resolver. Então, é preciso abrir uma negociação, e não pode nesse caso, somente a população ser penalizada. Nós entendemos a situação do médico, nós entendemos a situação. Um prestador de serviço, quanto paga uma diária num hospital? É descabido. Quanto paga uma intervenção cirúrgica? Agora, digamos que municipalizemos, vamos esperar que o Município, com 13% da tributação federal, vá resolver todos os problemas? Nós temos de ser equilibrados.

Eu estranho aqui, porque o tema da segurança sumiu do debate desta Casa. A oposição não trata mais, agora o problema é a saúde. Quer dizer, nós temos de ter equilíbrio, é o que nós procuramos manter. A Bancada do PC do B, por um lado, está sensibilizada pela situação dos médicos federais, pela situação dos médicos estaduais, que também têm um salário muito mais baixo e que ficam confrontados com os funcionários municipais, que têm um salário decente. Eu entendo que todos deveriam ganhar mais, com plano de carreira e uma série de coisas. Eu penso que esta Casa, em vez de posições estéreis, de crítica, de politização equivocada da questão, deve assumir um papel de permitir o diálogo e de intermediar uma solução. Não sei se é um vício de nossa parte, mas nós temos de enfrentar mensalmente, Ver. Wilton Araújo, os despejos e temos, às vezes, já com a liminar na mão, de fazer um acerto. A liminar que temos é a população e seu serviço de saúde, digamos, prejudicado.

A Bancada do PC do B está inteiramente à disposição dos médicos, dos funcionários e da Administração para tentar essa mediação e uma solução do problema. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Ver. Raul Carrion e demais Vereadores, Sr. Presidente, amanhã, Ver. Raul Carrion, gostaria de contar com a sua presença às 10h30min, porque já foi tentada a intermediação entre o Presidente do Sindicato dos Médicos e as autoridades da Prefeitura Municipal junto com o Presidente da Casa, no gabinete do Presidente João Antonio Dib. Seria muito importante a sua presença, Ver. Raul Carrion só para vocês ouvirem o que está escrito neste acordo, de 1995, que está em vigor, da Sr.ª Adriana Reck, Superintendente-Geral da Secretaria da Saúde: “Sendo assim, o tempo mínimo diário de desenvolvimento de atividades na unidade é de 4 horas para profissionais com 30 horas”: - isto é, de segunda a sexta, 5 vezes 4, são 20 horas -, “e 6 horas para profissionais com 40 horas. Isto se aplica a todas as categorias profissionais.”

Está escrito aqui. Com base nesse acordo, esse foi o artifício para aumentar o salário dos médicos, que, na Prefeitura de Porto Alegre, é ridículo, que, na União, é ridículo, que, no Estado, é ridículo. Os médicos ganham muito mal. Mas o pano de fundo não é o salário dos médicos, não é o horário dos médicos, é a falta, a insuficiência da política municipal de saúde instalada em Porto Alegre.

Se eu, como médico, atender uma pessoa e encaminhá-la de volta ao seu posto de saúde, em mais de 70% das vezes, ela vai me dizer: “Nós não temos posto de saúde”. Vinte mil a 30 mil pessoas em Porto Alegre, Ver. Pedro Américo Leal – não é no Amazonas, não é no Pará, não é no Amapá, não é no Acre, é na cidade de Porto Alegre – não têm a quem recorrer. Por isso elas recorrem às emergências; por isso as emergências estão lotadas. A porta de saída do sistema foi escolhida como porta de entrada. A contramão do sistema, esse arremedo, esse arrevesamento do sistema se dá por essa confusão imensa que se faz na cidade de Porto Alegre. Vão completar 16 anos quando terminar o mandato do Partido dos Trabalhadores, e certamente alguém vai pôr ordem na área da saúde, porque, Ver. Pedro Américo Leal, V. Ex.ª foi a postos de saúde de Porto Alegre, um por um, revisou, foi junto com uma equipe inteira da nossa Comissão de Saúde. Muita coisa lhe foi sonegada, muita coisa lhe foi escondida, sabe por quê? Porque os próprios funcionários tinham medo da represália que haveria se eles dissessem das verdadeiras condições de falta de higiene, de falta de condições mínimas de atendimento, de falta de conforto para o paciente e para o médico, em condições desumanas e indignas. Esse é o retrato da assistência à saúde na cidade de Porto Alegre, que é uma das cidades que deveria ter, pelo seu destaque no mundo inteiro, uma saúde muito melhor do que tem. Todo mundo sabe que não há condições de se estabelecer comparação com outras cidades congêneres. Quando o Ver. Renato Guimarães disse que tem 142 postos, ele não falou a verdade; a soma de equipes de saúde, mais os postos que passaram do Governo Estadual e Federal para o Município, ao todo, somam 102. Nós hoje precisamos de mais de 200. É insuficiente o que temos. Em 16 anos, não se plasmou uma política municipal de saúde. É isso que está em jogo; então, qual é a solução? “Se não foi você, foi o cordeiro do seu pai”, como se dizia na fábula. Então vamos arranjar um bode expiatório, e foi arranjado.

Estão investindo contra uma categoria que, quando o Secretário da Saúde chega aqui, nesta Casa, e diz atender centenas de milhares de consultas, essas consultas foram atendidas pelos profissionais que estão trabalhando lá. Essa é a injustiça que se está fazendo. Quando se jacta de ter atendido milhares de consultas, que foram feitas pelos médicos lá, e, no entanto, eles estão voltando o seu canhão, por falta de capacidade de plasmarem uma política municipal de saúde, contra uma classe digna, competente e que merece muito mais apoio, que merece condições mínimas de trabalho, que merece, pelo menos, o respeito de um Governo que ora faz uma Portaria fazendo um tipo de acordo, ora faz querendo o cumprimento. A cada Secretário que muda, é uma nova política de saúde. Parece que vai mudar de novo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, ontem, à noite, nós tivemos a oportunidade de participar de uma reunião com os moradores da Rua Enio de Souza, mais a comunidade da Vila Nova. Lá estiveram mais de cem pessoas. É um assunto que nós já temos discutido com o Governo Municipal. Estavam lá as comissões dos moradores, inúmeros moradores, e há alguns assuntos pertinentes. Primeiro, a regulamentação da área: os moradores compraram essa área em 1994, o proprietário estava lá, ontem. A Procuradoria-Geral do Município já deu um parecer favorável, mas não se conseguiu ainda regularizar a questão fundiária. Ao mesmo tempo, foi constatado que, ao longo desses últimos anos, foi criado por parte do Município um conjunto residencial do DEMHAB com mais de trezentas unidades. Foi construída a Escola Monte Cristo e hoje todo esse esgoto cloacal cai num terreno baldio lá no final da Rua Enio de Souza. São trezentas famílias que vivem hoje num esgoto único. Tivemos o cuidado, inclusive de entrar em contato, e tínhamos a certeza de que o DEP, do qual o nosso Partido faz parte, o DMAE, o DEMHAB, a PGM e a SMAM estariam reunidos, ontem, com a comunidade. Qual não foi a surpresa, esses órgãos se reuniram e avisaram, em última hora, que não poderiam estar na reunião, mas marcaram uma reunião para amanhã, e amanhã esperamos – estaremos cobrando – que realmente esses órgãos do Município, inclusive o DEP, do qual o PSB faz parte como Governo, deverá estar lá.

É importante que o Governo verifique in loco aquela realidade, porque são trezentas famílias que estão vivendo no esgoto, famílias dignas, que compraram os seus terrenos com seus próprios recursos e o que eles querem agora é a regularização, inclusive nos mostraram os seus canhotos do DMAE, que cobra a taxa de esgoto cloacal. Vamos fazer as coisas sérias e o que nós queremos sempre em nível de diálogo é que compareçam. Quando as coisas não são cumpridas, nós vamos vir aqui utilizar esta tribuna para dizer que as coisas não estão sendo cumpridas. Estaremos lá na Rua Enio de Souza e queremos que as cinco Secretarias, com os seus representantes, lá compareçam, porque, do contrário, na segunda-feira, faremos uma nova denúncia aqui nesta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Wilton Araújo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores. O caos se instalou na cidade de Porto Alegre. A saúde na cidade de Porto Alegre está hoje reduzida a nada. Não que fosse muito, não que fosse eficiente, não que tivesse nos seus trabalhadores pessoas, assalariados, competentes, pouco pagos, mas já antes da greve era – e isso a pesquisa da Fundação Getúlio Vargas comprovou – o pior serviço da cidade de Porto Alegre. Cidade esta que, por sinal, foi e está abaixo da média das capitais do País nos seus serviços básicos.

Essa pesquisa a que me refiro conseguiu colocar a população de Porto Alegre e a sua visão sobre essa Administração desastrada que Porto Alegre tem há tanto tempo.

No caso específico da saúde, vejam só, Srs. Vereadores, as pessoas nas galerias e aqueles que nos assistem em casa, se quer desviar o foco das atenções de um péssimo serviço de saúde, mal-atendido, mal-administrado, malfadado; pessoas morrem nas filas por uma simples questão de horário. Agora, a estratégia inteligente da situação que quer ver e fazer com isso, desviando a atenção e os olhos da população, para algo que é muito característico do Partido que está no Governo. Por exemplo, hoje, em nível nacional, fala-se mal do Bush; aqui, na saúde, fala-se mal do horário dos médicos. Horário este que foi adquirido através de negociação da categoria há muitos anos e há um acordo firmado, escrito.

Ora, Administração que se ufana em dizer que tem a participação popular, Administração que se auto-rotulou como participativa! Por que nesse caso, ao invés de romper o acordo firmado, assinado por um simples Decreto? Por que não chamou os servidores?

Ver. Raul Carrion, sensato, equilibrado, como situacionista, tem que mediar. Agora, quando nós estamos do lado daqueles trabalhadores que recebem pouco e têm uma Administração caótica na sua gestão, nós não queremos só a mediação, nós queremos a força da pressão, da greve para que a Administração possa ouvir, possa sentar à mesa, sim, porque não quis sentar, fez, arbitrariamente, emitiu um Decreto rompendo o contrato! E isso não pode ser escondido! A participativa gestão rompeu um acordo firmado através de um Decreto! De que natureza é essa participação? De que natureza nós estamos falando? De que mesa de negociação?

Ora, nós temos, hoje, é sim, Srs. Vereadores, que dar guarida, dar sustentação, dar o espaço para que a legítima reivindicação dos médicos e dos trabalhadores da saúde tenha eco nesta Casa! E que aqui, esta Casa, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, seja um pilar para que a transformação do caos da saúde inicie aqui, com a nossa força, com a nossa sustentação! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, os temas que têm trazido as várias representações partidárias à tribuna, em Comunicação de Liderança, têm sido repetitivos. Estão todos, ou quase todos, centrados nesse acontecimento altamente preocupante para a Cidade, que é a paralisação anunciada dos serviços médicos da Cidade, especialmente, na periferia de Porto Alegre, onde se localizam, Ver. Pedro Américo Leal, as unidades sanitárias.

Eu tive o ensejo de, na Sessão de segunda-feira, penso eu, me manifestar sobre esse assunto e confesso que eu não estava devidamente informado. Eu julgava que esse concerto existente entre médicos e a Administração Municipal, fosse um concerto entre chefia e comandados e que não havia um documento que sustentasse esse fato. Até me surpreendia que o PT, que há 14 anos governa o Município, e que há 14 anos tolera essa prática, só agora, no ano de 2003, viesse a se acordar das dificuldades e determinar essas mudanças, apresentadas como forma de resolver os gravíssimos problemas de saúde pública na cidade de Porto Alegre.

Qual não é a minha surpresa que hoje surge um documento que diz, Ver. Pedro Américo Leal, que o que vinha acontecendo e querem que se altere era uma determinação superior, que há mais tempo havia-se apercebido das dificuldades de remunerar adequadamente a classe médica em Porto Alegre; então, fazia-se essa tolerância, estatuíam uma forma de tolerar uma situação facilitadora, para que os médicos pudessem ter alternativas de ganho extra, além daqueles que teriam atendendo nas unidades sanitárias do Município.

E agora, de repente, o Prefeito João Verle, que não pode ignorar esse fato, porque isso vem desde 1995, e em 1995 ele já tinha responsabilidade com a Administração - ou era Vereador aqui na Casa ou já estava no Departamento Municipal de Habitação -, não podia desconhecer esse fato. Altera essa sistemática e cria esse quadro apavorante que nós estamos vivendo em Porto Alegre. Ora, não adianta nós virmos aqui dizer: “Olha, Porto Alegre foi considerada a segunda ou terceira melhor Capital na aplicação do SUS do País.” Ora, isso é medido em seis ou sete capitais. Ser terceira entre sete é a mesma coisa que nada. Nós sabemos que existe grau de satisfação muito maior em cidades assemelhadas à nossa, em termos de população, como Curitiba, e em vários outros municípios, municípios de porte médio ou de pequeno porte, e Porto Alegre fica só alardeando que está gestionando muito bem o SUS e etc. E é essa a calamidade que nós estamos vendo.

O Ver. Pedro Américo Leal, Líder do PPB, já tomou algumas providências, amanhã nós teremos oportunidade de conversar com a classe médica, e sem nenhum atropelo, mas também sem nenhuma omissão. Nós não ficaremos ausentes desse grande debate, porque na briga entre o mar com o rochedo, quem está perdendo é exatamente o povo que a toda hora bate no aí no gabinete do Ver. Dr. Goulart, porque ele é médico; do Ver. Cláudio Sebenelo; nos nossos.

Nós tínhamos vínculo, até há pouco tempo com a grande rede hospitalar mantida pelo Governo Federal, o Grupo Hospitalar Conceição nos cobrando possibilidade de conseguir uma vaga num hospital, uma consulta com mais rapidez do que aquela que é marcada pela Central de Atendimentos. Esses clamores nós vimos a toda a hora nos corredores aqui da Casa.

O problema é grave e não se trata um problema grave, dessa magnitude, com a irresponsabilidade de se fazer uma manobra diversionista de deslocar o foco da discussão para uma situação que foi implementada por quem a gerou. Ninguém pode trazer em benefício próprio àquilo que gerou. Se houve uma concordância explícita para ajustar os poucos ganhos dos médicos, fazer um regime especial de interpretação da disposição da Lei para o seu regime de trabalho, isso não pode ser agora abruptamente interrompido sem que haja uma ampla negociação nesse sentido.

Então, não se diga que os médicos estão pugnando pela manutenção de um privilégio para não fazer um regime, uma jornada de trabalho que foi contratual. Esse regime, essa jornada de trabalho contratual foi repactuada nessa instrução, que a Casa tomou conhecimento no dia de hoje, para se firmar, definitivamente, no assunto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. RAUL CARRION: Ex.mo Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib, diante dessa situação que estamos vivendo, tinha a trazer uma sugestão a V. Ex.ª no sentido que V. Ex.ª, no papel de Presidente da Casa, com o apoio e a participação das Lideranças, a partir de amanhã, quando serão recebidas as lideranças que estão paralisadas, assuma o papel de mediador na negociação. Acho que amanhã mesmo poderia fazer um contato com o Sr. Prefeito, e, a partir daí, a Casa seja um local para uma negociação entre a Administração e os trabalhadores em greve, acompanhados e com o apoio das Lideranças desta Casa. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Ver. Raul Carrion, a Mesa já havia comunicado que a Comissão de Saúde se colocara à disposição, mas também a Presidência tem conhecimento de que às 10h de amanhã, na nossa sala, serão recebidos o Sindicato Médico e algumas entidades que representam aqueles trabalhadores que estão em greve. Nós começaremos, a partir das 10h da manhã, a fazer as tratativas necessárias para que se possa buscar uma solução o mais rápido possível, porque não podemos permitir que a população venha a ser prejudicada, e não é desejo nem da Prefeitura e nem dos servidores da saúde que a população seja sacrificada.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, eu tomei a iniciativa de, junto aos Partidos que se caracterizam como oposição, fazer uma reunião amanhã, às 10h30min. Solicitei o comparecimento do Dr. Argollo, que não está aqui; está na Venezuela, mas virá em seu lugar o médico que responde pelo mesmo.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Se o Dr. Paulo Argollo Mendes não chegar a tempo da Venezuela, virá a Dr.ª Maria Rita, que é a Vice-Presidente do Sindicato.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: V. Ex.ª, como Presidente da Casa, fique à vontade. Nós passamos o comando a V. Ex.ª, que passa a dirigir tudo. V. Ex.ª, amanhã, às 10h30min, ponteia todo esse trabalho com muito gosto e satisfação para todos os Partidos da oposição.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Ver. Pedro Américo Leal, eu sempre disse que responsabilidade se assume, não se transfere. E a Presidência assume a responsabilidade de ter que, independente e harmonicamente, trabalhar com o Executivo buscando uma solução urgente para um problema que é muito sério.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Dada a gravidade desse problema, eu pediria licença a V. Ex.ª para dizer que a primeira pessoa a ser contatada, conforme a sua vontade e a sua determinação, seria exatamente o Sr. Prefeito, por ele ter assinado um Decreto que está em vigência, e, evidentemente, talvez fosse ele a primeira pessoa indicada para se entrar em contato para fins de abertura de um canal de diálogo, para que pudéssemos pôr fim a essa gravíssima situação. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Correta a sua colocação, nobre Ver. Cláudio Sebenelo.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, em nome da nossa Bancada, havia um entendimento no Plenário – não só sobre esse assunto – de que, com referência a um assunto dessa magnitude, que envolve essa temática e que a Casa tem uma ferramenta permanente que é a Comissão que trata desse assunto, seria interessante, também com a participação do Vereador-Presidente e de outros Vereadores, que a Comissão fosse alçada à condição de ser a ferramenta que vai constituir o conjunto do diálogo, tanto com o Poder Executivo como com os trabalhadores, com as representações necessárias. Parece-me que a conversação que estávamos tendo com o Presidente da Comissão e com os demais Vereadores que tratam da temática é de fazer circular por dentro da Comissão de Saúde da Casa o conjunto das tratativas. Outras possibilidades de conversa que foram anunciadas aqui são da política. Mas a tratativa formal da Casa, entendemos que é positivo que seja reforçada dentro de uma Comissão que é ferramenta permanente para tratar desses problemas. É esse registro que gostaríamos de deixar, agregando às demais proposituras aqui que ressaltam a necessidade de o Presidente estar junto acompanhando o assunto. Mas gostaríamos de registrar a necessidade de que a Comissão de Saúde, com a presença dos Vereadores interessados, possa fazer o que já vem fazendo, que é intermediar, construir saídas junto com o Executivo.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Ver. Renato Guimarães, eu, na fala de Presidente, disse exatamente isso. A Comissão de Saúde, desde ontem, havia se posicionado pronta para intermediar. No momento em que fui procurado pelos Vereadores Cláudio Sebenelo, Pedro Américo Leal, Raul Carrion e outros Vereadores, que amanhã o Sindicato Médico e outras entidades desejam falar com a Presidência, eu chamei todos os Vereadores para, às 10h30min, recebê-los, porque queremos solução, não queremos problema; de problemas estamos cheios.

O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib. Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores. Ver. Dr. Goulart, as coisas parece que estão mudando. Eu não faria uso da palavra hoje usando o tempo de Liderança do meu Partido, mas quando vi o Ver. Carlos Alberto Garcia, que faz parte da situação há muito tempo, contestando, e que, inclusive, tem o representante do DEP, o ex-Vereador Airto Ferronato, fico preocupado, porque em seguida será o Ver. Raul Carrion que vai contrariar essa situação. Imaginem no caso de uma prefeitura, por exemplo, que fosse de outro partido; o PT já iria lá fazer aquela confusão, já era uma greve, já..., apoiando. Agora, é bem o contrário, o PT não quer fazer a negociação. Será que caiu o encanto? Porque os sindicatos geralmente estavam aí a reclamar do Governo Estadual, do Governo Federal, e agora o PT começa a perder o encanto, quando, dentro do seu próprio Governo, no Governo Federal, começa a brigar, várias correntes. Aqui em Porto Alegre, o Ver. Zé Valdir abandonou o Orçamento Participativo, não participa mais, está na Câmara agora. Não fala em Orçamento Participativo mais, quando estava lá vinha nesta Casa colocava duzentas pessoas aqui, fazia uma gritaria. Exatamente. Agora o Ver. Zé Valdir não fala mais em Orçamento Participativo nesta Casa; que por sinal tinha grande verba na Grande Porto Alegre - no interior do Estado, era muito pouco -, era na Grande Porto Alegre, onde têm quatro ou cinco Prefeituras, aí estava a maior verba do Orçamento Participativo.

Estou preocupado porque o PT não negocia mais, Ver. Pedro Américo Leal. O PT, que tinha uma capacidade imensa de negociação, liberdade, democracia, humanidade, cidadania; agora não querem negociar com os médicos.

 

(Aparte anti-regimental do Ver. Zé Valdir.)

 

Vereador, seja inteligente, não vou chamar a atenção de V. Ex.ª porque V. Ex.ª já é muito grandinho para chamar a atenção. Podia lhe dar um aparte, mas é Liderança.

O PT não negocia mais. Quando era oposição negociava com todo mundo: “Olha traz aí que nós vamos fazer uma agitação em frente do Palácio, na frente da Assembléia Legislativa, na frente da Câmara Municipal.” Agora, estão afoitos, preocupados. E eu fico até preocupado porque em seguida o Ver. Carlos Alberto Garcia já estará trocando de situação, já estou sentindo que ele vai partir para outra em 2004, já está preocupado - é o que estamos prevendo. Queremos a atuação da capacidade dos Vereadores do PT de mobilização, de coordenação, de elaboração. Queremos que a Bancada do PT participe das negociações. Porque antes, quando era oposição no Estado, participava; quando era oposição ao Governo Federal, participava; agora não participa mais de negociações. Nesse aspecto fico preocupado porque aí nós não temos mais negociação, Ver. Zé Valdir, e V. Ex.ª é um negociante bom, tenho certeza disso, no bom sentido, na capacidade de argumentação, de contraditório, V. Ex.ª é um bom argumentador. Então, precisamos negociar porque é uma atividade essencial, a saúde. Não quero, aqui, nem fazer juízo de valor se estou do lado dos médicos ou não, eu quero a negociação, eu quero que a população de Porto alegre seja beneficiada, porque ela está sendo prejudicada. E nós aqui da Câmara temos que fazer essa negociação, e vocês - a bancada governista - têm que realmente participar; eu tenho certeza que sempre participou junto conosco nesses grandes momentos em que nós chegamos ao diálogo, chegamos à negociação, chegamos ao consenso nesta Casa. Na saúde tem que ter consenso. É de todos nós, ela pertence a esta Câmara, pertence à população, pertence aos necessitados, principalmente, e a todos. Então, eu acredito que a negociação, Ver. Dr. Goulart, é essencial.

Eu sinto que o PT está querendo fugir das negociações, ou seja, que antes tinha capacidade, ou se dizia com capacidade de negociar através do dito Orçamento Participativo, que às vezes era um paliativo, que tentava, muitas vezes, iludir certas populações ou camadas da população de Porto Alegre, como essa que o Ver. Carlos Alberto Garcia referiu: lá tem esgoto e cobram o IPTU como fosse cidade de Primeiro Mundo. Obrigado, Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Havendo quórum passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 3003/02 – VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 004/02, que altera as Leis Complementares n.os 07, de 1973, 48, de 1979, e 197, de 1989, e a Lei n.º 7.773, de 1996, revoga dispositivos das Leis Complementares n.os 07, de 1973, 197, de 1989, e 396, de 1996, e dá outras providências (concede incentivo para a manutenção da atividade agropecuária, preservação ambiental e histórico-cultural no Município; introduz correções no cadastro imobiliário do IPTU; entre outras disposições).

 

Parecer:

- da CCJ. Relator Ver. Nereu D’Avila: pela rejeição do Veto Parcial.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 77, § 4º, da LOM;

- votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA.

 

Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:

SIM – aprova o Projeto, rejeita o Veto;

NÃO – rejeita o Projeto, aceita o Veto.

- Trigésimo dia: 18-03 (terça-feira).

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PLCE n.º 004/02, com Veto Parcial.

Há um Requerimento, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, solicitando para que seja adiada a discussão e votação do PLCE n.º 004/02, com Veto Parcial por uma Sessão. Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Isaac Ainhorn. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO o Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 1249/01 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 053/01, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que autoriza o Executivo Municipal a instituir o Ensino Supletivo de 1º Grau na rede de ensino público e dá outras providências.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Juarez Pinheiro: pela manutenção do Veto Total;

- da CEFOR. Relator Ver. Carlos Alberto Garcia: pela manutenção do Veto Total;

- da CECE. Relator Ver. Pedro Américo Leal: pela rejeição do Veto Total.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 77, § 4º, da LOM;

- votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA;

- discutiram a matéria, em 10-03-03, os Vereadores J.C.Nedel, H.Souza, Z.Valdir, J.Pinheiro, R.Pujol, S.Melo(cedeu p/ H.Souza), R.Guimarães, L.Braz e C.Sebenelo;

- adiada a discussão por uma Sessão.

 

Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:

SIM – aprova o Projeto, rejeita o Veto;

NÃO – rejeita o Projeto, aceita o Veto.

- Trigésimo dia: 18-03 (terça-feira).

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PLL n.º 053/01, com Veto Total.

Requerimento, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que solicita o adiamento da discussão por uma Sessão, do PLL n.º 053/01. Em votação o Requerimento do Ver. Haroldo de Souza. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Requerimento): Sr. Presidente, solicito verificação de quórum.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): (Após a verificação de quórum) Há 12 Srs. Vereadores em Plenário, há quórum para discussão. Já estamos na Ordem do Dia, não há por que interromper a Sessão.

 Projeto de Emenda à Lei Orgânica n.º 008/01.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS (Requerimento): Sr. Presidente, para ajudar na Ordem do Dia e na votação, porque não há um acordo entre as Lideranças sobre os Projetos que serão votados. Há projetos na Ordem do Dia, nos quais não há interesse dos Vereadores de votar imediatamente. Portanto, sugeriria a suspensão, por um minuto, dos trabalhos para podermos formatar uma Ordem do Dia com o que já há de acordo. Assim poderemos vencer a pauta de votação de Projetos de hoje à tarde.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Ainda que eu seja contrário à alteração da disposição dos Projetos na Ordem do Dia, acho sensata a colocação de V. Excelência.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 17h22min.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib - 17h26min): Estão reabertos os trabalhos.

Srs. Vereadores, não tendo havido consenso, verifico visivelmente que não há quórum e encerro os trabalhos da presente Sessão. Lembro que amanhã, às 10h30min, o Presidente da Casa vai receber o Sindicato Médico e as Entidades ligadas aos servidores da saúde, que estão em greve no dia de hoje. A solicitação é para que a Presidência, portanto a Casa, intervenha, tente fazer a intermediação. Lá estarão presentes a Comissão de Saúde e mais os Vereadores que já foram aqui nominados, para que se busque encontrar uma solução. Saúde e paz!

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 17h27min.)

 

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